CONCERTO: Andrea Bocelli
Com | Serena Gamberoni (voz), Rusanda Panfili (violino), Andrea Lykke (voz)
Orquestra Filarmonia das Beiras
Coro do Orfeão de Leiria, Coro Ninfas do Lis, Coro Misto da Associação Académica de Coimbra, Coro Coimbra Vocal, Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra
Direcção musical | Marcello Rota
Estádio Municipal de Leiria
31 Mai 2025 | sab | 21:30
Depois de ter esgotado a Altice Arena em 2017 e 2023 e o Estádio Cidade de Coimbra em 2021, Andrea Bocelli regressou a Portugal, desta feita a Leiria, trazendo consigo uma proposta de viagem pela história da música, das mais conhecidas árias e duetos do repertório operático, aos grandes êxitos da música ligeira, sobretudo italiana e espanhola. O suporte musical esteve a cargo da Orquestra Filarmonia das Beiras e de um conjunto de cinco coros das cidades de Coimbra e Leiria, sob a direcção de Marcello Rota. As peças instrumentais tiveram na violinista Rusanda Panfili uma executante de excepção, enquanto os duetos e alguns temas a solo foram assegurados pela soprano Serena Gamberoni e pela cantora pop Andrea Lykke. A produção do espectáculo tudo fez para proporcionar uma noite inesquecível aos quase 25.000 espectadores que encheram o Estádio Municipal de Leiria, com um alinhamento diversificado e muito inteligente, a par de um palco sumptuoso que se foi preenchendo de imagens de belo efeito, em contraciclo com uma organização que se “esqueceu” de partilhar com os espectadores, na página do evento, nas redes sociais ou através da criação de uma folha de sala, algo tão elementar como informações sobre o programa do concerto, a biografia das principais figuras em palco ou outros elementos julgados de interesse.
A primeira parte do concerto fez-se de algumas das mais icónicas peças do universo operático, mostrando um Andrea Bocelli em grande forma, tanto na sua espantosa técnica vocal, quanto na expressividade e sentimento que, como ninguém, sabe colocar nas suas interpretações. “La donna è mobile”, ária do terceiro acto da ópera “Rigoletto”, de Giuseppe Verdi, abriu o concerto em ambiente de festa e de celebração, numa altura em que o tenor italiano acaba de completar três décadas de intensa e bem sucedida carreira. Após o segundo tema, Bocelli cedeu o palco a Serena Gamberoni, uma voz praticamente desconhecida dos melómanos portugueses, mas uma soprano em ascensão e com presenças de reconhecido mérito em teatros como o La Scala de Milão, o Covent Garden de Londres ou o New National Theater de Tóquio. “O mio babbino caro”, da ópera “Gianni Schichi”, de Giacomo Puccini, foi um momento sublime, abrindo espaço a um dueto com Bocelli, “O soave fanciulla”, do primeiro acto da ópera “La Bohème”, de Giacomo Puccini, e que viria a transformar-se na mais romântica, sensível e comovente interpretação do concerto. Os momentos finais viram em palco a violinista Rusanda Panfili interpretar a peça “Csárdás”, de Vittorio Monti, numa demonstração clara da sua classe e virtuosismo.
Depois do intervalo, o primeiro momento foi assegurado pelos elementos da orquestra e do coro, numa extraordinária homenagem ao compositor italiano Nino Rota, enquanto no ecrã iam passando excertos de filmes como “Amarcord”, “La Strada” ou “La Dolce Vita”, todos com assinatura de Federico Fellini. Depois deste momento delicioso, Andrea Bocelli “abraçou” Luciano Pavarotti com a interpretação de “Funiculì, Funiculà”, um tema que teve o condão de pôr uma parte do público a trautear o refrão. Rusanda Panfili voltaria ao palco para nova peça interpretada a solo, seguindo-se um dueto com Bocelli no muito conhecido “En Aranjuez Com Tu Amor”. Em tempo de homenagens, Enrico Caruso não ficou esquecido com a interpretação de “Granada”, um tema que abriu espaço a Andrea Lykke e a um muito aplaudido “(You Make Me Feel Like) A Natural Woman”, da extraordinária Aretha Franklin. De novo em palco, Bocelli agradeceu timidamente a presença do público e avançou com “Vivo per lei”, em dueto com Andrea Lykke. Os muitos aplausos tiveram o condão de chamar ao palco o tenor, não uma, não duas, mas três vezes: Primeiro, com esse verdadeiro hino napolitano, de Itália e do Mundo, que é “O sole mio”, e depois com “Con te partirò”. A terminar uma noite verdadeiramente memorável, “Nessun dorma”, do terceiro acto da ópera “Turandot”, de Giacomo Puccini, foi a cereja no topo do bolo, consolidando o sentimento de exaltação da voz e da melhor música vivido ao longo de quase duas horas.
[Foto: Município de Leiria | https://www.facebook.com/municipioleiria]
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