TERTÚLIAS LITERÁRIAS: “Conversas às 5”,
com Manuela Mota Ribeiro
Moderação | Joaquim Margarido Macedo
Centro de Reabilitação do Norte
12 Mai 2025 | qui | 17:00
Culminando um dia de trabalho intenso nas mais variadas valências da Fisioterapia, as “Conversas às 5” voltaram a abrir uma brecha no programa de reabilitação dos doentes do Centro de Reabilitação do Norte, complementando-o com uma componente cultural voltada para os livros. À semelhança das anteriores tertúlias, a iniciativa fez recair sobre si as atenções de um público numeroso, interessado e participativo, onde se incluíram, também, familiares e amigos dos doentes, profissionais de saúde e público em geral. Com uma periodicidade mensal desde o início do ano em curso, o momento contou com uma convidada muito especial, Manuela Mota Ribeiro, uma autora nascida em 1970, na cidade do Porto, formada em Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e especializada em Medicina Física e de Reabilitação. Dedicou a sua vida profissional à atividade médica e ao ensino universitário, tendo sido directora da Clínica Pedagógica da Universidade Fernando Pessoa. Em 2008, lançou o seu primeiro livro infantil – “Jardim do Arco-Íris” – e, até à data, são já dezassete os livros publicados, tendo, desde então, feito milhares de apresentações das suas histórias junto de variados públicos, em Portugal e no estrangeiro.
Pela primeira vez na sua história, as “Conversas às 5” receberam uma autora cuja escrita se encontra mais vocacionada para um público infantil e infanto-juvenil. Apaixonada pelo estudo e aprofundamento de áreas que promovem o desenvolvimento integral e harmonioso do ser humano, Manuela Mota Ribeiro mostrou na perfeição que não há uma “literatura dos mais novos”, antes uma “literatura para todos”, já que são muitos os valores essenciais a uma sociedade sã e feliz a necessitarem de ser reanimados e essa é uma situação que não olha a idades. A escolha de “Edmar, o Passarinho Albino” para abrir a sessão - e que o moderador fez questão de ler na íntegra -, serviu na perfeição para compreender o âmbito da escrita da autora, ao encontro das mais variadas situações do quotidiano que exigem da pessoa a sua compreensão e solidariedade, ao invés de uma atitude de alheamento ou de provocação. Apoiando-se em experiências reais, Manuela Mota Ribeiro constrói as suas personagens na justa medida das necessidades, para dar a ver aos leitores aquilo que se esconde por detrás da osteoporose, da diabetes ou dos acidentes vasculares cerebrais, da importância de lavar bem os dentes, de não esquecer a colocação do cinto de segurança ou de saber dizer “bom dia”, “obrigado”, “por favor” ou “desculpe”.
Sempre atenta e disponível para partilhar as suas histórias, a convidada falou da importância dos livros na sua vida, não apenas enquanto escritora mas como leitora, incentivando os presentes a dedicarem tempo à leitura, na medida do possível. Recordando uma paixão que, após a fase “diarística”, começou a revelar-se a partir dos 15 anos, a autora falou do acto da escrita e da importância da família no seu trabalho, quer nas leituras prévias e revisão de texto, quer ao nível da ilustração e - pasme-se! - da musica, uma componente presente em quase todos os seus livros. Espontânea, expressiva, intuitiva e fortemente empática, Manuela Mota Ribeiro fez ver ao auditório que “apenas nós somos responsáveis pelas nossas emoções”, permitindo ao choro e ao riso caberem em partes iguais nas nossas vidas. A sua experiência profissional fez igualmente com que se sentisse à vontade ao falar da importância de nos olharmos ao espelho, rejeitando tentações de vitimização ou coitadismo e valorizando o lado bonito que cada um carrega em si. Chamado a intervir, o público colocou um conjunto de questões particularmente assertivas, recebendo respostas carregadas de boa disposição e muita energia positiva, como que a vincar a importância dos livros e o poder de mudarem as nossas vidas. A generosa oferta de um livro a todos os participantes na tertúlia e uma improvisada sessão de autógrafos colocou um ponto final numa tarde repleta de amor, amizade e cumplicidade.
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