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domingo, 11 de maio de 2025

EXPOSIÇÃO: "Livros de Artista"



EXPOSIÇÃO: “Livros de Artista”
Vários artistas
6.ª Bienal Internacional de Arte Gaia 2025
Quinta da Fiação de Lever
05 Abr > 12 Jul 2025


“Os livros de artista são obras de arte sob a forma de livro”. Será esta, porventura, a forma mais simples de definir um objecto artístico multifacetado, original na sua apresentação, admirável na capacidade de desenvolver as mais variadas narrativas. No essencial, um livro de artista é, em si mesmo, a obra de arte, sendo utilizado pelo artista para expressar as suas ideias, expandir projectos pessoais, documentar e embelezar trabalhos anteriores, experimentar materiais e, mais importante ainda, distribuir os seus trabalhos a um público mais vasto. Alguns livros de artista podem conter pop-outs, terem materiais não convencionais como suporte e integrarem texto ou não. Podem ser tão variados quanto os artistas que os criaram e distinguem-se de um livro “comum” pelo facto de se afastarem do mundo editorial formal, já que são frequentemente auto-publicados e financiados, impressos à mão, pintados e desenhados, vivendo de edições limitadas.

Vem esta introdução a propósito de Livros de Artista, fascinante mostra no âmbito da 6.ª Bienal Internacional de Arte Gaia 2025, patente ao público na Quinta da Fiação de Lever. Agostinho Santos, Agustin Bastón, Belmiro Belém, Carmo Diogo, Celeste Ferreira, Constança Lucas, Evelina Oliveira, Felicia, Miguel de Carvalho, Nazaré Álvares, Raul Valverde, Rui Costa, Rui da Graça e Valter Hugo Mãe apresentam ao olhar do visitante um conjunto alargado de trabalhos em que cada página, quando analisada separadamente, assim como o acto repetido de “folhear” o livro, se combinam para transmitir uma sensação de continuidade e oferecer um conjunto de leituras, com tanto de sofisticado quanto de inesperado. Livros produzidos manualmente ou nos quais o artista teve uma intervenção directa na sua impressão, livros com múltiplos ou cópias únicas, livros com desenhos, pinturas, colagens ou têxteis, livros que se lêem da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda, de cima para baixo ou de baixo para cima, as propostas são numerosas e qual delas a mais sedutora.

Um dos aspectos que prende mais o olhar do visitante e o obriga a ver no livro de artista uma obra de arte absoluta relaciona-se com a “assinatura” do artista, o traço que lhe é característico, que o individualiza e o torna único. Reconhecer um autor num livro de artista, tal como o reconheceríamos numa pintura ou num desenho expostos numa parede, passa por ser um desafio, um dos exercícios mais interessantes que se oferecem ao visitante, feliz por reconhecer autores admiráveis e poder identificar-se com as histórias fabulosas que a sua obra transmite, embora num suporte diferente daquele a que está habituado. Estão neste caso os laranjas vibrantes ou o pequeno anjo que anunciam Celeste Ferreira, as bonecas de olhos enormes de Evelina Oliveira, as figuras que brotam umas das outras de Agostinho Santos ou as inconfundíveis máscaras de Nazaré Álvares. Uma exposição que vale tanto pela possibilidade de apreciar as obras individualmente, quanto pelo conjunto, graças à sua extraordinária qualidade e variedade. Por si só, justifica plenamente a deslocação a Lever.

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