EXPOSIÇÃO: “Proust e as Artes”
Vários artistas
Museu Nacional Thyssen-Bornemisza
04 Mar > 08 Jun 2025
“Proust e as Artes”, exposição temporária patente ao público no Museo Nacional Thyssen-Bornemisza, fala-nos da importância da arte na obra de Marcel Proust, um dos escritores mais influentes do século XX, reconhecido na literatura, na filosofia e na teoria da arte. As ideias estéticas que Proust desenvolveu na sua obra, os ambientes artísticos, monumentais e paisagísticos que o rodearam e que recria nos seus livros, bem como os artistas contemporâneos ou do passado que lhe serviram de estímulo, são alguns dos aspectos que articulam o itinerário da exposição. O objectivo é realçar esta ligação e a inter-relação entre a arte e a sua figura, a sua vida e a sua obra. Proust era fascinado não só pelas artes, mas também pela modernidade que estava tão em voga no final do século XIX numa Paris em transformação com o aparecimento da eletricidade, dos automóveis, dos espectáculos, dos restaurantes e dos cafés. A imagem da modernidade criada pelos pintores impressionistas através da representação das ruas e outros ambientes de Paris está na base da estética proustiana: tudo isto marcará a sua biografia e os seus escritos.
Uma das suas primeiras obras publicadas, “Os Prazeres e os Dias” (1896), é apresentada na primeira sala da exposição, mostrando o seu gosto precoce pelas artes, pela música, pelo teatro e, sobretudo, pela pintura, e as suas frequentes visitas ao Museu do Louvre. Este interesse continua na sua obra maior, o romance “Em Busca do Tempo Perdido”, publicado em sete partes entre 1913 e 1927. A Paris da Terceira República, em especial a zona dos Campos Elísios, o Bois de Boulogne e os palácios aristocráticos do Faubourg Saint-Germain, bem como as praias e as costas do Norte de França, são alguns dos cenários em que o romance se desenrola e que pintores como Manet, Pissarro, Renoir, Monet, Boudin e Dufy reflectem nos seus quadros. A importância do teatro na obra de Proust reflecte-se também na impressionante pintura de Georges Clairin, do museu Petit Palais, em Paris, representando Sarah Bernhardt, na qual se baseou, entre outras, a personagem Berma, omnipresente em todo o romance.
A exposição destaca ainda um dos temas mais marcantes da obra de Proust, o da criação e consolidação, nas últimas décadas do século XIX, de uma nova e moderna disciplina, a História da Arte, o seu fascínio por uma cidade como Veneza, à qual viajou duas vezes, no seu interesse pelas catedrais e pela arquitectura gótica e na não tão conhecida “ligação espanhola” do escritor, através das figuras de Mariano Fortuny y Madrazo e Raimundo de Madrazo, incluindo nas salas alguns trajes e tecidos desenhados pelo primeiro para mostrar um tema, o da moda, essencial para o autor francês e que a exposição pretende realçar. Para além de pinturas de Rembrandt, Vermeer, Van Dyck, Watteau, Turner, Fantin Latour, Manet, Monet, Renoir e Whistler, entre outros, uma escultura de Antoine Bourdelle e os já referidos desenhos de Fortuny e de outros artistas da época, a exposição inclui uma seleção de livros de Proust provenientes da Bibliothèque Nationale de France e da Biblioteca del Ateneo em Madrid, bem como empréstimos do Museu do Louvre, do Rijksmuseum de Amesterdão ou do Städel Museum de Frankfurt, entre outros.
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