Páginas

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

CERTAME: Festival Literário de Ovar 2024 (I)



CERTAME: Festival Literário de Ovar 2024
António Manuel Ribeiro, Bruno Henriques, Carlos Nuno Granja, Diogo Pinto, João Melo, José Ferreira, Luís Ribeiro, Manuel de Queiroz, Margarida Carvalho, Maria Bocchichio, Milton Pacheco, Sara Barros Leitão
Biblioteca Municipal de Ovar | Centro de Artes de Ovar
18 Set 2024 | qua | 18:00 e 21:15


De pé desde 2015, o Festival Literário de Ovar cumpre este ano a sua 10ª edição. Ao longo do tempo, como dá nota Carlos Nuno Granja, o programador de conteúdos literários do Festival e o seu rosto mais visível, Ovar tem vivido “momentos de alegria, de sintonia, de sorrisos, de sensibilidade e reflexão”, graças à dinâmica do Festival e de quem soube erguê-lo e consolidá-lo, quer pelo valor das iniciativas, quer pelo ambiente de enriquecimento e partilha que une escritores, leitores, ilustradores, editores, contadores de histórias, críticos literários, investigadores, livreiros e público em geral em torno dos livros e da leitura. Envolvendo 104 convidados – na sua maioria do género feminino, sublinhe-se –, a presente edição vê reforçada a sua qualidade, diversidade e abrangência, tendo para oferecer meia centena de eventos que vão das mostras bibliográficas às apresentações de livros, das tertúlias, oficinas e conversas às sessões de contos e de poesia, concursos literários e de ilustração e visitas guiadas e encenadas. Cinema, teatro, concertos, jornadas literárias (formação creditadas para professores) e nove mesas temáticas, completam um programa com tudo para agradar a todos.

A assinalar os 500 anos do Nascimento de Luís de Camões, a inauguração da mostra bibliográfica patente ao público no átrio da Biblioteca constituiu o primeiro dos muitos momentos do FLO que se oferecem ao longo dos próximos cinco dias. Nela é possível apreciar um vasto conjunto de exemplares pertencentes ao espólio da própria Biblioteca e do Museu Escolar Oliveira Lopes, desde exemplares raros que fazem parte de um acervo camoniano à guarda da Biblioteca Municipal de Ovar, ao muito recente “Fortuna, Caso, Tempo e Sorte”, trabalho biográfico da autoria de Isabel Rio Novo. Acto contínuo, José Ferreira, Diogo Pinto e Luís Ribeiro, actores da CONTACTO – Companhia de Teatro Água Corrente de Ovar, declamaram cinco sonetos do maior poeta da nossa língua, nomeadamente “em prisões baixas fui um tempo atado” e “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, entre outros. “Camões Ultrapassa as Fronteiras do Mito!”, tertúlia que encerrou o período do final da tarde, colocou frente a frente a professora, investigadora e ensaísta Maria Bocchichio e o investigador e historiador de arte Milton Pacheco, e deu a ver de que forma, nos dias de hoje, criadores das mais variadas expressões artísticas vivem e se relacionam com o universo camoniano.

Momento inaugural do período da noite, a Cerimónia de Abertura do FLO trouxe com ela as palavras emocionadas de Carlos Nuno Granja ao lembrar o percurso do Festival e aqueles que estiveram sempre ao seu lado, mas também, pela voz de Domingos Silva, presidente da edilidade ovarense, a promessa de uma aposta reforçada num Festival que “é já uma marca identitária de Ovar”, mediante a sua abertura a autores estrangeiros. Moderada pelo “jovem conservador de direita” Bruno Henriques, a primeira mesa temática do Festival contou com a presença do músico, cantor, poeta e líder da banda portuguesa de rock UHF, António Manuel Ribeiro, e do arquitecto e escritor Manuel de Queiroz. Com as palavras de Agostinho da Silva bem presentes – “a liberdade só existe quando todos os nossos actos concordam com todo o nosso pensamento” –, os convidados discorreram sobre a forma como a literatura cabe em vidas tão ocupadas com outros afazeres, as preocupações com a intemporalidade ou com a premência dos assuntos sobre os quais se escreve, as referências literárias ou a liberdade que Abril nos trouxe. O serão terminou com “Guião Para um País Possível”, uma peça escrita e encenada por Sara Barros Leitão e interpretada por João Melo e Margarida Carvalho, e que aborda esse particular espaço que é a casa da democracia através do olhar de dois funcionários que têm a missão de transcrever tudo o que ali é dito [a análise crítica da peça pode ser lida AQUI]. Hoje à noite há mais.

Sem comentários:

Enviar um comentário