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quarta-feira, 22 de maio de 2024

TERTÚLIA: Música com História IX



TERTÚLIA: Música com História IX
Com Joel Cleto, Miguel Araújo, António Zambujo
Organização | Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos
Grande Auditório da Casa de Vilar
19 Mai 2022 | dom | 16:00


Aqueles que acompanham de perto a dinâmica da Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos, facilmente reconhecem que, por detrás do enorme empenho e esforço dos seus membros, se desenha um conjunto de valiosas iniciativas de carácter social, cultural e religioso. Das campanhas solidárias que visam apoiar os mais desfavorecidos, às muitas visitas orientadas por quem melhor conhece a cidade, passando pela manutenção de um espaço museológico com um espólio riquíssimo, pela promoção dos Festejos ao padroeiro S. Pedro Gonçalves Telmo ou pelo desenvolvimento de conversas que juntam personalidades das artes e da cultura e que tomam o nome de “Música com História”, são inúmeros os motivos que fazem olhar com admiração para uma das mais antigas irmandades religiosas do Porto. Ora, é muito justamente o “Música com História” que está hoje em foco no blogue, graças à realização da sua 9ª sessão, colocando frente-a-frente António Zambujo e Miguel Araújo, dois dos mais aclamados músicos da nova geração, sob a moderação sábia e sempre atenta do historiador Joel Cleto.

Com os quase mil e trezentos lugares do Grande Auditório da Casa de Vilar esgotados em apenas três dias, o “Música com História IX” terá gerado uma expectativa inusitada e o caso não era para menos. À partilha dos maiores palcos do país por António Zambujo e Miguel Araújo, somava-se a enorme cumplicidade entre os dois músicos, motivos que garantiam, por si só, um momento de conhecimento e diversão verdadeiramente único. Mas havia ainda o Professor Joel Cleto, profundo conhecedor dos “caminhos da História”, um homem que sabe, como ninguém, estabelecer pontes entre passado e presente e dar a ver, naquilo que fomos, aquilo que somos. A verdade é que, por muito alta que a fasquia estivesse colocada, esta acabaria por ser largamente ultrapassada, graças à forma como a conversa foi conduzida e à generosidade e disponibilidade dos músicos em aceder a contar um conjunto de peripécias que são a sólida base das relações de trabalho e de amizade entre os dois, bem como em dar voz a alguns dos seus temas mais conhecidos, de “Romaria das Festas de Santa Eufémia” a “Catavento da Sé”, passando por “1987”, “Reader’s Digest”, “Lambreta” ou o “Pica do 7”.

Não, não foram os cinquenta concertos dos Coliseus, completamente esgotados. O formato destas conversas afasta-nos da vertente mais festiva das músicas, oferecendo-nos o seu lado mais sério. Ligar o “americano”, percursor do carro elétrico, à Ponte da Pedra e à linha do 7, com o incontornável “pica”, ou o Rei Carlos Alberto à célebre lambretta, são apenas dois exemplos daquilo que foi o prazer de uma aula de História e a delícia de duas vozes inspiradas, em momentos de altíssimo nível, a deixarem a plateia rendida e a rivalizar com os músicos, gargantas ao rubro, nos versos mais conhecidos de alguns temas. Num constante saltitar entre o Porto e Beja – ou, se quisermos, entre Portus Cale, cidade da Galécia romana, e Pax Julia, na província romana da Lusitânia -, falou-se de música anglo-americana e cante alentejano, de edifícios emblemáticos da cidade e frescos escondidos, tabernas e cafés da moda, comendas e músicas de telenovela, Dordio Gomes e Armando Alves, Paulo Cunha e Silva e o Lidador. O “Porto Sentido” não podia faltar, homenageando Rui Veloso e Carlos Tê, duas figuras “sem as quais a música portuguesa não seria o que é hoje”, conforme as palavras de António Zambujo.

[Foto: Fernando Eugénio | Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos | https://www.facebook.com/groups/633743506760662]

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