LUGARES: Casa Museu Vitorino Nemésio
Rua de S. Paulo, Praia da Vitória
Horários | De segunda a sexta, da 09h00 às 12h30 e das 13h30 às 18h00; encerra aos sábados e domingos
Ingressos | Entrada gratuita
Apesar de serem muitos aqueles que não conhecem a obra de Vitorino Nemésio, os seus contemporâneos terão bem presente a figura do escritor graças ao programa “Se Bem Me Lembro”, transmitido na RTP ao longo de cinco anos, do início de Julho de 1970 até meados de 1975. A sua personalidade popular, aliada aos dotes de comunicador que tão bem patenteou, fazem com que, ainda hoje, o programa e o seu autor sejam lembrados. Na Praia da Vitória, a sua figura de notável poeta, romancista, cronista, ensaísta, biógrafo, jornalista, académico e intelectual faz-se presença graças, nomeadamente, à criação de uma Casa Museu no edifício onde nasceu em 19 de Dezembro de 1901. Ali era a “Casa da Parteira”, imóvel que a Câmara Municipal da Praia da Vitória fez questão de adquirir, aí reunindo alguns pertences oferecidos pala família de Nemésio, outros que remetem para a época em que viveu o escritor e, ainda, uma série de painéis contendo elementos biográficos e bibliográficos que oferecem ao conjunto o valor de um Centro Interpretativo, o qual abriu as suas portas em 2007.
Os painéis evocativos falam da vida de Vitorino Nemésio e dos locais por onde andou, havendo distribuídos pelo espaço um vasto conjunto de fotografias e mesmo um busto com um poema onde o próprio traça o seu auto-retrato. O objecto de maior relevância é um exemplar do livro de poemas “O Canto Matinal”, primeira obra do escritor quando tinha apenas catorze anos de idade. O livro tem um valor simbólico acrescido uma vez que, por essa altura, Nemésio não era um aluno brilhante, chegando a ser expulso do Liceu de Angra do Heroísmo “por andar a partir vidros”. Na Casa Museu há ainda dois objectos que cativam a atenção e que foram usados pelo escritor: Um berço e um carrinho de madeira com a dupla função de carrinho e cadeirinha. Na casa há mais utensílios da época e alguns deles reconstituem uma cozinha tradicional de finais do séc. XIX e início do séc. XX. Seria de uma casa do Ramo Grande, uma área da Ilha Terceira muito fértil e com casas de gente com algumas posses e de arquitectura muito particular.
A Casa Museu encontra-se próxima de um outro edifício que marcou a vida de Nemésio. É a Casa das Tias, “onde se abria um mundo mais largo de intimidade e de experiência”. É uma construção do século XVIII, reconstruída após o terramoto de 1841 e que serve, actualmente, de sede da Assembleia Municipal e de Biblioteca Municipal. A fachada foi restaurada e mantém as “dez janelas rasgadas sobre a sacada de rexas.” No exterior, mesmo em frente da deslumbrante igreja da Misericórdia, podemos apreciar um busto de Nemésio com uma referência à sua qualidade de “ilhéu”. Toda a sua obra literária está intimamente ligada a uma narrativa complexa de vivências do mar, objectos e pessoas dos Açores. Embora o próprio se considerasse um poeta, foi com o romance “Mau Tempo no Canal” que adquiriu maior notoriedade. A obra foi publicada em 1944 e retrata a sociedade açoriana nas quatro ilhas do Grupo Central (Terceira, Faial, S. Jorge e Graciosa) durante a primeira Guerra Mundial. Faleceu a 20 de fevereiro de 1978, em Lisboa, no Hospital da CUF. Pouco antes de morrer, pediu ao filho para ser sepultado no cemitério de Santo António dos Olivais, em Coimbra. Mas pediu mais: que os sinos tocassem o Aleluia em vez do dobre a finados. O seu pedido foi respeitado.
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