Páginas

quinta-feira, 22 de junho de 2023

LUGARES: Museu da Covilhã


[Clicar na imagem para ver mais fotos]

LUGARES: Museu da Covilhã
Rua António Augusto de Aguiar, Covilhã
Horários | Terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00; encerra à segunda feira
Ingressos | Entrada gratuita


Os museus são lugares únicos que nos proporcionam experiências memoráveis e uma aprendizagem indispensável à formação da identidade. O novíssimo Museu da Covilhã não foge à regra e é, pela sua beleza e enquadramento, pelas suas colecções e pela forma como nos são apresentadas, um espaço de transmissão de valores e de recuperação de memórias por excelência. Mas há algo que distingue o Museu da Covilhã da esmagadora maioria dos espaços do género no nosso País e isso tem a ver com a forma como os percursos expositivos e todos os conteúdos se encontram desenhados, procurando garantir a acessibilidade dos mais diversos públicos. A “grande aposta na inclusão, com vários aspetos de adaptação do novo museu ao acolhimento dos públicos com limitações a vários níveis” foi mesmo o elemento diferenciador, aquele que mais terá pesado na atribuição do Prémio Museu do Ano 2022, atribuído ao Museu da Covilhã pela Associação Portuguesa de Museologia. Aqui, as peças não existem apenas para serem vistas. Pedem ao visitante que as escutem, que as sintam nas mãos. O apelo é irresistível.

A visita começa no Piso 3, a atenção centrada nos primeiros vestígios de ocupação do território e, em particular, na romanização que se estendeu entre o século II a.C. e o século V d.C. . Das gravuras do Paleolítico Superior (há mais de 10.000 anos) ao harmonioso templo romano de Orjais, do valoroso guerreiro Viriato à incrível história do Tesouro da Borralheira, tem aqui o visitante muito para explorar. Descemos um piso e avançamos no tempo até à Idade Média. O foral de 1186 faz da Covilhã o centro de um vasto território que se estendia da Serra da Estrela ao Rio Tejo e incluía terras que pertencem hoje aos concelhos do Fundão, Castelo Branco, Belmonte, Idanha-a-Nova, Pampilhosa da Serra e Oleiros. No século XV, a Covilhã é erigida em Senhorio e as suas gentes, da mão do Infante D. Henrique, passam a ter um papel de destaque nas viagens marítimas da expansão portuguesa. Ante o olhar do visitante desfilam nomes como os de Frei Diogo Álvares da Cunha ou Mestre José Vizinho, D. Fernando de Castro ou Francisco Cabral, Rui Faleiro ou, o mais ilustre de todos, Pero da Covilhã, o espião português cuja missão ao Médio Oriente e ao Oceano Índico facilitou a descoberta do caminho marítimo para a Índia, navegado por Vasco da Gama, em 1498.

Ainda no Piso 2 podemos ver que o perímetro da muralha, no tempo de D. Dinis, envolvia cerca de 9 hectares (o equivalente a 12 campos de futebol), e como os seus muros, com 25 metros de altura, foram derrubados na sua quase totalidade com o terramoto de 1755, assim como a Torre de Menagem do Castelo. Também a Judiaria é alvo de atenção, bem como a discriminação contra os judeus, acentuada no reinado de D. Afonso V que reduziu a metade os acessos à Judiaria e mandou transformar em frestas as janelas de casas viradas para adros de igrejas. Já no Piso 1, é a cidade contemporânea que emerge ao olhar (e ao escutar e sentir) do visitante. A indústria dos lanifícios atinge enorme pujança e torna-se, juntamente com a exploração mineira (Minas da Panasqueira) como principal motor da economia, da sociedade e da cultura covilhanense. Entretanto, passeamos pelos Penedos Altos, o primeiro bairro social construído na Covilhã pelo Estado Novo, vibramos com a conquista da monumental Taça “O Século” pelo Sporting Clube da Covilhã na época de 1947/48, aplaudimos de pé o espectáculo da Companhia Amélia Rey Colaço - Robles Monteiro na inauguração do Teatro-Cine da Covilhã e assistimos a uma Corrida de Toiros na Praça do Pelourinho.

A visita está a chegar ao fim, mas há ainda dois núcleos para visitar. Começamos pelo Piso -1 que abriga uma exposição permanente de pintura portuguesa do século XX. A mostra insere-se no projecto de descentralização da arte desenvolvido pelo Novo Banco Cultura e engloba cinco obras dos artistas Eduardo Malta, Maria Helena Vieira da Silva, Arpad Szenes, Júlio Resende e Malangatana. O Piso 0 é assim como uma espécie de corolário do percurso, mostrando como a Covilhã de hoje é o resultado do esforço e capacidade de trabalho das suas gentes. As marcas do passado, ao mesmo tempo humilde e ilustre, estão bem presentes no património e no urbanismo da Covilhã. É em torno de pessoas e do espaço da cidade que esta sala se centra, tendo para oferecer uma vasta gama de recursos interactivos que não deixarão de fazer as delícias de todos. A história das estátuas que ornamentam os Paços do Concelho, a transformação sofrida pelo Largo do Pelourinho ou a evolução demográfica da Covilhã (em 1900, 54% da população tinha menos de 25 anos; em 2011, eram apenas 22%) são outros temas a explorar, num percurso que se pretende que não acabe aqui. Há todo um centro histórico riquíssimo que importa igualmente conhecer.

Sem comentários:

Enviar um comentário