EXPOSIÇÃO DE DESENHO E PINTURA: “1+1=1“,
de Dulce Barata Feyo e João Barata Feyo
Curadoria | Maria de Fátima Lambert
Casa Comum – Universidade do Porto
06 Mar > 06 Mai 2023
“1+1=1”, o título desta exposição, apropria-se de uma ideia defendida por Almada Negreiros em “Direção Única”, conferência proferida no Teatro Nacional de Almeida Garrett em 1932, a propósito da colaboração entre dois artistas. No caso da parceria nesta exposição, contudo, a alteridade confirma a autonomia do trabalho artístico de cada elemento do casal Barata Feyo. Esta é uma oportunidade única para ver a cidade do Porto ao pormenor e em movimento, de desfrutar de uma paisagem urbana que se situa “entre a quietude patrimonial e as investidas pulsáteis de quem a habita”. A essência, a acção e o conhecimento “per se” é o que nos transmitem estas paisagens urbanas de João, e os “mapas pintados de Dulce”, afirma a curadora, Maria de Fátima Lambert. Assim se complementam.
Nada acontece sem a firmeza dos alicerces. É assim para ambos. A liberdade do traço é refém da força dos pilares que o seguram. Para João Barata Feyo, a aventura começa com fotografias de pormenores de fachadas de casas da cidade do Porto, e o recurso a um compasso para medir as escalas das portas, das janelas e dos telhados, num trabalho que obedece à filigrana do olhar. É assim que, camada após camada, à lupa, se constroem as suas cidades. Para Dulce Barata Feyo, por sua vez, o rigor das linhas mestras é o ponto de partida. Cria uma matriz da qual brotam, quase de forma escultórica, formas e cores. Se um identifica a forma como uma aldeia ou uma a cidade se organiza, o outro dá-lhe cor e movimento. Confere-lhe vida. Fátima Lambert recorre à ideia de “vivências fronteiriças”. São trabalhos “que multiplicam a cidade” (…) paisagens urbanas que ecoam vozes”, revelam-se “ativas e constantes”.
João Barata Feyo começou por desenhar o que considerava identitário dos lugares que ia visitando. Do que via da sua janela, em Florença passou para outras cidades, nomeadamente no Alentejo, onde os telhados são substituídos por pátios e os moradores se demoram, em dias de mais luz. Casas que “resguardam as idades da história do mundo e das pessoas cujas vidas são deixadas a seu cuidado”. Locais onde as “pequenas felicidades” se escondem, as angústias se desenvolvem e os conflitos se acentuam. Já a bússola de Dulce Barata Feyo privilegia, grosso modo, o eixo vertical e horizontal, mas depois o comprometimento é com a cor. Podem ser esboços de cidades, territórios, paisagens ou atmosferas. O movimento lança-nos convites. Convida ao mergulho, qual Alice (no País das Maravilhas).
A “densidade da relação eu-tu”, revela-se “no par: mulher-homem”, diz Maria de Fátima Lambert. A curadora sublinha que, nesta exposição, “os casos de alteridade confirmam autonomia”. As “figuras e casarios nos desenhos virtuosísticos de João Barata-Feyo” e os “vislumbres de paisagens-mapas imaginados – em sublimidade cromática sobre a realidade – nas obras de Dulce Barata-Feyo” levam-nos numa viagem pelos “reinos da imaginação”. Gerando, em simultâneo, “ruturas construtivas de identidades diferenciadas”. Desta forma, os dois artistas (ou seja, 1+1) “dialogam em alteridade focada num prisma aglutinante que reverbera”. A exposição “1+1=1” vai estar patente ao público até ao próximo dia 06 de maio de 2023 e a entrada é livre.
[Texto escrito com base na notícia de Anabela Santos, em https://noticias.up.pt/para-la-do-visivel-as-cidades-dos-barata-feyo/]
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