EXPOSIÇÃO DE DESENHO E PINTURA: “Pare, Escute e Olhe”,
de Pedro Partidário
Centro Cultural de Cascais
01 Out 2022 > 22 Jan 2023
O trabalho sobre papel de Pedro Partidário é filiado em Maria Velez, pintora e sua professora de Desenho no 1º ano do curso de Arquitectura, que, a seu tempo, sugeriu o seu nome ao marido, o Escultor Fernando Conduto, para fazer parte do grupo de docentes de Desenho e de Projecto do 1º ano do Curso de Arquitectura da Universidade Lusíada de Lisboa, disciplinas que coordenava no início dos anos de 1990. Pedro Partidário iniciou a sua experiência pedagógica, primeiro como professor de Projecto e, dois ou três anos depois, como professor de Desenho. Destacou-se rapidamente como um dos mais activos e empenhados membros do corpo docente na defesa do Desenho enquanto suporte intelectual e linguístico da actividade projectual aplicada, estabelecendo com os colegas e, sobretudo, com o casal Maria Velez e Fernando Conduto, uma forte amizade e cumplicidade para a vida.
O título escolhido para esta exposição, “Pare, Escute e Olhe”, não será estranho a todos os que partilham a circunstância de terem sido alunos do Escultor Fernando Conduto: um alerta, oportunamente repetido nas suas aulas. Este aviso de atenção aos comboios continuou a ser ouvido nas reuniões semanais de coordenação na Universidade Lusíada, onde se pensava e discutia o Desenho. O panorama entre o coordenador Fernando Conduto e o elenco de professores de Desenho, que chegou a ser de dezassete elementos, era de militância sem excepção e era grande o entusiasmo com que se discutiam as questões do Desenho, se criavam exercícios e se analisavam os resultados obtidos com os alunos. Esta relação cresceu para além da componente didáctica e pedagógica do meio académico entre alguns docentes, dando origem a fortes laços de amizade e de cumplicidade, em especial entre o Professor Conduto e Pedro Partidário.
A exposição que a Fundação D. Luís l apresenta ao público revela o crescimento e a maturidade atingida por Pedro Partidário na expressão gráfica, muito para além da actividade de arquitecto e de docente, criando um corpo de trabalho artístico só possível na persistência do saber parar, escutar e olhar. Organizada em três espaços, o primeiro, o espaço da Ética, “Onde a Poesia não Entra”, é de reacção às situações de maus-tratos e de injustiça que vitimizam sobretudo as mulheres. Os outros espaços revelam a compulsividade no acto de desenhar: Um, “Depois do Poema”, de resposta às leituras de poesia, com destaque para os poetas Herberto Hélder e Carlos Drummond de Andrade. Outro, “Perante o Poema”, resulta da deambulação e da contemplação da paisagem rural e da paisagem costeira, onde Pedro Partidário colhia e desenhava momentos de pura poesia. Parem, escutem e olhem...
[Texto de Miguel Navas, extraído da folha de sala da exposição e que pode ser vista no original em https://www.fundacaodomluis.pt/expositions/pedro-partidario]
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