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terça-feira, 30 de novembro de 2021

EXPOSIÇÃO DE DESENHO: "No Plan For Japan" | Ana Aragão



EXPOSIÇÃO DE DESENHO: “No Plan For Japan”,
de Ana Aragão
Museu do Oriente – Galeria Sul Piso 0
05 Nov 2021 > 13 Fev 2022


Formada em Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, Ana Aragão é uma artista plástica que se dedica exclusivamente ao desenho, explorando temáticas ligadas à cidade através dos seus ensaios de “arquitectura de papel”. Alguns dos seus projectos recentes incluem a participação na Representação Portuguesa de arquitectura na Bienal de Veneza de 2014 (Homeland) e 2021 (Pavilhão Italiano, “Visions from 2050”) e ainda o o destaque da Lüerzer's Archive na publicação 200 Best Illustrators Worldwilde, referente ao ano de 2014. É esta artista que, por estes dias, apresenta no Museu do Oriente “No Plan for Japan”, conjunto de trabalhos através dos quais nos vem dizer que “o Japão não é um conjunto de ilhas, é outro planeta”.

“O Japão”, define Roland Barthes com exactidão, “é um sistema de traços”. O Japão é um lugar eminentemente gráfico, contudo ilegível, e que por isso mesmo levanta um problema intransponível: como construir novas narrativas gráficas a partir do expoente máximo do gráfico? Muitas tentativas, todas “lost in translation”, porque não se traduz aquilo que não se compreende. Por isso mesmo, “No Plan for Japan” é uma exposição desengonçada, com a falta de coerência que interrupções inesperadas, viagens canceladas e muitas mudanças de plano foram causando. Daí que Ana Aragão recorra mais à imaginação do que à memória na construção deste projecto composto principalmente por ensaios de arquitectura de papel — talvez ilustrações, decididamente desenhos.

“No Plan for Japan” é composta por seis colecções. “Blind Dates” fala-nos de encontros insólitos que dão origem a megaestruturas. “Forever Lost” é uma espécie de teoria sobre as relações, a fragilidade, a complexidade, a transitoriedade e outros conceitos não listáveis. “Fictions” mostra-nos casas voadoras, estruturas instáveis, edifícios origami e outras ficções que passaram, de forma duplicada, diante da folha de papel. “Kanji” traz-nos o preto sobre o branco em traços tão rigorosamente dispostos quanto aleatórios. “The Metabolic Ones” são narrativas distópicas que reinventam edifícios icónicos. Finalmente, “Obi Collection” é uma sequência acerca da impossibilidade da repetição: unidades com anterioridade dividem temporariamente o infinito. Não importa se estamos perante planos urbanos, dentro de um game center ou apenas perante padrões. Assume-se a polissemia.

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