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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

CERTAME: Festival Literário de Ovar 2021 (I)


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CERTAME: Festival Literário de Ovar 2021
Ana Bárbara Pedrosa, Ana Cássia Rebelo, Ana Ferreira, Ana Sofia Marçal, Ana Ventura, Anabela Pedrosa, Bento Ramires, Bru Junça, Bruno Henriques, Carla Mühlhaus, Carlos Fiolhais, Carlos Marta, Carlos Nuno Granja, César Rodrigues, Cristina Marques, Daniel Lemos, Daniela Onis, Diogo Leite de Castro, Dora Batalim, Fernando Ribeiro, Fernando Soares, Joana M. Lopes, João Manuel Ribeiro, João Morales, João Tordo, Joaquim Jorge Carvalho, Jorge Ferreira, Jorge Melícias, José Saro, Judite Canha Fernandes, Licínio Pimenta, Luca Argel, Maja Stojanovska, Manuela Pargana Silva, Manuella Bezerra de Melo, Marcelo Teixeira, Maria Almira Soares, Marília Lopes, Marta Pais Oliveira, Minês Castanheira, Paulo Praça, Pedro Guilherme-Moreira, Pedro Podre, Rodolfo Castro, Rodrigo Guedes de Carvalho, Ruben Alves, Rui Guedes, Rui Manuel Amaral, Rui Pedro Lamy, Tânia Clímaco, Vasco Gato, Virgínia Millefiori, Wagner Merije
Vários locais
08 Set > 12 Set 2021


Sob a figura tutelar do escritor Júlio Dinis, numa altura em que se comemoram os 150 anos do seu falecimento, teve lugar entre os dias 8 e 12 de Setembro a sétima edição do Festival Literário de Ovar. Evento cultural de suma importância no panorama concelhio, o certame repetiu a receita de edições anteriores, voltando a apostar na descentralização, promovendo uma interessante distribuição do seu programa por praticamente todas as freguesias e alargando, dessa forma, os sempre importantes momentos conviviais entre escritores e leitores. Vocacionado para um conjunto alargado de públicos, o Festival Literário chamou a Ovar mais de meia centena de agentes ligados ao meio, oferecendo espetáculos musicais, recitais de poesia, exposições, apresentações de livros, oficinas e sessões de contos, isto para além de onze mesas onde se debateram variadíssimas questões em torno do livro e da leitura.

Fazer um levantamento exaustivo de tudo quanto se passou nesta edição do FLO pecaria sempre por defeito, tantos e tão bons foram os momentos vividos ao longo destes cinco dias. Assim, acabarei por me cingir àqueles que considero terem sido os pontos altos do certame, dentro daquilo que me foi dado ver. De fora neste meu apontamento ficarão o projecto RUGE, com Rodrigo Guedes de Carvalho, Daniela Onis e Ruben Alves, e também o cantautor Luca Argel, pelo simples facto de me ter sido já dado a ver os dois espetáculos e sobre os quais falei anteriormente aqui no blogue. Por ora, ficam igualmente de fora três momentos que, pela sua importância e significado, terão o devido destaque em separado. São eles a Inauguração da Exposição “Bibliotecas Itinerantes” e a mesa que se lhe seguiu, o Recital de Piano e Poesia com Maja Stojanovska e Pedro Guilherme-Moreira e também “Onde”, de Paulo Praça, “um livro-disco, um vídeo-disco, transformado num filme concerto que reune tudo isto e muito mais!”

A noite de quarta-feira, primeiro dia do Festival, viu um Centro de Arte de Ovar composto por uma bela plateia para ouvir falar de livros e não só. O projecto RUGE e o mediatismo de Rodrigo Guedes de Carvalho serão grandemente responsáveis pelo “fenómeno” e ainda bem. Antes ainda da poesia e da música, João Tordo e Fernando Ribeiro partilharam ideias e desvendaram segredos sobre as suas obras, soberanamente conduzidos por João Morales. Falando dos seus livros e do processo criativo, Fernando Ribeiro abordou “Bairro sem Saída” e de que maneira quis explorar a migração das pessoas do campo para a cidade, da cidade fazendo o seu campo agarradas a uma espécie de mitologia ancestral. Por seu lado, Fernando Tordo referiu que “Felicidade” nasceu de um sonho do final da adolescência: “Sonhei que estava a fazer amor com uma rapariga e, nessa altura, ela morria.” Mais se disse que “escrever no Facebook é uma espécie de suicídio lento” e que “escrever vai contra o paradigma do século XXI sobre aquilo que é útil”. Dá que pensar, não dá?

Com Bruno Henriques a moderar, Carlos Fiolhais trouxe a ciência para o campo das letras, brilhando na exposição que fez no Pólo de Capacitação e Inovação Social em S. João de Ovar. Começando por se referir ao Globo de Ouro atribuído pela estação de televisão SIC e à entrevista para a revista CARAS, Fiolhais não poderia ter sido mais lacónico: “Fiquei logo preparado para a vida. Nunca mais tive medo de nada, nem sequer de vir a Ovar enfrentar um jovem… progressista”, disse. Combatente fervoroso da pseudociência, perguntou: “Numa altura em que a razão não impera, como podemos combater a ignorância?”. Encontrando na Escola “o guardião da verdade”, advertiu que “ciência oculta não é ciência” e citou Max Planck: “Uma nova verdade científica não triunfa com a convicção dos seus opositores ou através do esforço em fazê-los ver a luz; triunfa, geralmente, porque esses opositores finalmente morrem e cresce uma nova geração mais familiarizada com ela.” Carlos Fiolhais alertou ainda para a evidência do impacto das alterações climáticas no meio ambiente e lembrou que “o negacionista das alterações climáticas é um tipo mal informado. Chamar-lhe burro é um elogio.”

(segue)

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