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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Tás Co’ Olho!?”,
de Milton Ostetto, Tadeu Vilani e Orlando Azevedo
iNstantes – Festival Internacional de Fotografia de Avintes
Junta de Freguesia de Avintes
04 Set > 30 Set 2020
Primeiro destino de emigração da diáspora açoriana, o Brasil conserva, ainda hoje, verdadeiras comunidades culturais que teimam em preservar o legado histórico que as liga à terra-mãe, transmitindo-o geração após geração naquilo que nele há de mais valioso: os usos e a tradição. Esta herança cultural encontra-se disseminada no litoral continental do Brasil meridional e concentrada na ilha de Santa Catarina, com a arquitectura colonial portuguesa a evidenciar-se em alguns edifícios públicos, nas igrejas e nas casas, nos nomes de família e, necessariamente, no Culto do Divino Espírito Santo. Acrescentaria que o grande fluxo de emigração ocorreu em 1847, com a saída de seis milhares de açorianos para os Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, com o intuito de colonizá-los. Todavia, já em 1742, um grupo de colonizadores açorianos tinha fundado a vila de Porto dos Casais, depois cidade de Porto Alegre e capital estadual do Rio Grande do Sul.
Documentar a presença e as influências açorianas no Brasil, da toponímia ao folclore, das festas a uma vida de trabalho votada ao mar, tal foi o propósito de Milton Ostetto, Tadeu Vilani e Orlando Azevedo, este último nascido nos Açores, ao reunirem um conjunto de imagens sob o título “Tás co’ Olho!?”. O resultado pode ser visto no espaço da Junta de Freguesia de Avintes, no âmbito do iNstantes – Festival Internacional de Fotografia de Avintes e é, sem sombra de dúvida, um dos momentos mais altos desta sétima edição do certame. Cifrando-se num conjunto de setenta e cinco belíssimas imagens a preto e branco, “Tás co’ Olho!?” colhe-nos de surpresa naquilo que de mais genuíno pode haver no viver e no sentir destas pessoas em cujos genes se inscreve a palavra Açores.
Com uma enorme sensibilidade e um sentido estético sobejamente apurado, os três fotógrafos completam-se naquilo que oferecem do seu trabalho, individualmente, nele se vislumbrando a ponte que une as duas margens do Atlântico, com escala em cada uma das nove ilhas açorianas. É por elas que um par de olhos brilha em cada rosto marcado pela dureza do trabalho, é nelas que as almas se refugiam e aquecem, é por elas que os corações batem. Se não o soubéssemos de antemão, diríamos que as imagens teriam sido captadas em Terra Chã, no Nordeste ou em Rabo de Peixe, quando na verdade nos encontramos a mais de seis mil quilómetros de distância. Com esta mostra, Ostetto, Vilani e Azevedo conseguem esse “milagre” de nos mostrarem que os Açores estão onde está um açoriano. Um enorme trabalho, uma exposição imperdível!
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