CONCERTO: “Toscano / Pinheiro / Mira / Ferrandini”
Jazz 2020
Quintal Porta-Jazz
02 Ago 2020 | dom | 19:00
Há mais de um século que o Jazz é Jazz. Entre os devaneios de Buddy Bolden e as explorações de Peter Evans, o género sofreu transformações e fusões de toda a ordem ao longo dos tempos. Nenhuma, porém, terá sido tão marcante como aquela que, em meados da década de 50, esteve na origem do Free Jazz. Influenciado pela música contemporânea de John Cage e por conceitos musicais como o atonalismo ou a música aleatória, este é um estilo que tem como regra principal o não ter regras. Menosprezando os conceitos de estrutura e assentando as suas bases na improvisação, o Free Jazz é figura de proa no panorama musical actual, fazendo do jazz uma força viva e abrindo caminho à liberdade total.
Entre nós, o estilo tem vários cultores ilustres e mesmo músicos que vimos nascer em águas mais calmas não resistem a testar as suas capacidades e limites, trocando a elegância e o ritmo pela força dos decibéis. Está neste caso Ricardo Toscano, esse extraordinário saxofonista que, ao final da tarde do passado domingo, veio até ao quintal da Associação Porta-Jazz para uma hora de música à qual ninguém ficou indiferente. Com ele vieram também o pianista Rodrigo Pinheiro, o violoncelista Miguel Mira e o baterista Gabriel Ferrandini, três improvisadores natos que fizeram dos três temas “marados” um tempo de celebração da música e da vida.
Como as vagas de um mar alteroso, na memória dos privilegiados que assistiram ao concerto fica a clara alternância entre a melodia e o ruído, a energia frenética e a quietude. Ficam também os sublinhados a solo dos vários instrumentos nos trechos mais contidos, o silêncio a domar a fúria. Ficam os sons da cidade nos diálogos entre saxofone, piano e bateria, envoltos sublimemente pelo afago do violoncelo, Miguel Mira a mostrar-se um gigante na forma como soube não estar, estando. Fica o desconcerto duma melodia que se interrompe de forma inesperada. E fica a certeza de um momento alucinante de felicidade, os sons a fluírem e a desmultiplicarem-se em clímaxes que não se explicam. Apenas se sentem e vivem!
Jazz 2020
Quintal Porta-Jazz
02 Ago 2020 | dom | 19:00
Há mais de um século que o Jazz é Jazz. Entre os devaneios de Buddy Bolden e as explorações de Peter Evans, o género sofreu transformações e fusões de toda a ordem ao longo dos tempos. Nenhuma, porém, terá sido tão marcante como aquela que, em meados da década de 50, esteve na origem do Free Jazz. Influenciado pela música contemporânea de John Cage e por conceitos musicais como o atonalismo ou a música aleatória, este é um estilo que tem como regra principal o não ter regras. Menosprezando os conceitos de estrutura e assentando as suas bases na improvisação, o Free Jazz é figura de proa no panorama musical actual, fazendo do jazz uma força viva e abrindo caminho à liberdade total.
Entre nós, o estilo tem vários cultores ilustres e mesmo músicos que vimos nascer em águas mais calmas não resistem a testar as suas capacidades e limites, trocando a elegância e o ritmo pela força dos decibéis. Está neste caso Ricardo Toscano, esse extraordinário saxofonista que, ao final da tarde do passado domingo, veio até ao quintal da Associação Porta-Jazz para uma hora de música à qual ninguém ficou indiferente. Com ele vieram também o pianista Rodrigo Pinheiro, o violoncelista Miguel Mira e o baterista Gabriel Ferrandini, três improvisadores natos que fizeram dos três temas “marados” um tempo de celebração da música e da vida.
Como as vagas de um mar alteroso, na memória dos privilegiados que assistiram ao concerto fica a clara alternância entre a melodia e o ruído, a energia frenética e a quietude. Ficam também os sublinhados a solo dos vários instrumentos nos trechos mais contidos, o silêncio a domar a fúria. Ficam os sons da cidade nos diálogos entre saxofone, piano e bateria, envoltos sublimemente pelo afago do violoncelo, Miguel Mira a mostrar-se um gigante na forma como soube não estar, estando. Fica o desconcerto duma melodia que se interrompe de forma inesperada. E fica a certeza de um momento alucinante de felicidade, os sons a fluírem e a desmultiplicarem-se em clímaxes que não se explicam. Apenas se sentem e vivem!
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