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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

EXPOSIÇÃO: “Uma Série de Prestações Absolutamente Improváveis, Porém Extraordinárias” | Arthur Jafa


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EXPOSIÇÃO: “Uma Série de Prestações Absolutamente Improváveis, Porém Extraordinárias”,
de Arthur Jafa
Museu de Arte Contemporânea de Serralves
20 Fev > 27 Set 2020


Do artista, diretor de fotografia e cineasta Arthur Jafa está patente ao público no Museu de Arte Contemporânea de Serralves a exposição “Uma Série de Prestações Absolutamente Improváveis, Porém Extraordinárias”. Desenvolvidas pelo artista ao longo dos últimos vinte anos, as obras distribuem-se entre o cinema, a fotografia e a escultura, procurando dar a ver o papel determinante da raça, do género e da classe social na história, na cultura popular dominante e nos meios de comunicação, dentro e fora dos Estados Unidos. No seu trabalho, Jafa torna presente a identidade e a cultura afro-americanas através de um vasto espectro de registos contemporâneos em filme e vídeo e de imagens apropriadas, lidando com a questão do que significa ser parte de uma complexa paisagem de representação negra e, por extensão, da paisagem de qualquer outra alteridade.

Ao longo das várias salas, espécie de corredor sonoro marcado pela música negra com particular destaque para o Jazz, a Soul e a Techno, o visitante é convidado a reconhecer a discriminação e as falsas acusações em “Jonathan” (2017), a submissão e a rebelião evocadas em “Big Wheel II” (2018), as perseguições e o racismo em “The Black Flag” (2017), a opressão em “Pledge of Allegiance, 1899” (2017), a tortura em “Ex-Slave Gordon” (2017) e a morte em “Rwanda” (1999). Diversos trabalhos centram-se no interesse de Arthur Jafa por diferentes formas de retrato e em como o “olhar branco” domina a produção de filmes e fotografias. A exposição inclui também um conjunto de 841 imagens projectadas a um ritmo alucinante, remetendo para o mundo explosivo e cru do artista. Nesta montagem, designada “Apex” (2013), vemos mortes brutais, a figura ensanguentada de Cristo na cruz com a coroa de espinhos, actores bem conhecidos, pessoas famosas, monstros e seres mutantes, máscaras africanas, objectos sagrados e armas, muitas armas.

Na visita de imprensa prévia à inauguração da exposição, Arthur Jafa revelou que, durante o processo criativo, a prioridade não assenta tanto na mensagem que quer passar, mas em fazer algo que tenha “presença”, “singularidade” e “complexidade”, e que cause fortes reações nas pessoas. “Estou a tentar fazer trabalho tão complexo como eu penso ser, tão complexo como as pessoas que eu conheço, como a minha família”, explica o artista. Segundo Amira Gad, a curadora de origem franco-egípcia da exposição, as obras de Jafa que unem “o passado, a cultura popular e a cultura mainstream” pretendem “criar uma narrativa para a falta de narrativa que existe, hoje, sobre a história negra”. A diretora criativa da Lehmann Maupin revela ainda que a exibição foi projetada como “quase uma coreografia” e “banda sonora”, que contêm uma “música”, um “ritmo”, uma “batida” e um “coro”. O autor da exposição que foi apresentada pela primeira vez em 2017, na Serpentine Gallery, em Londres, foi o vencedor do Leão de Ouro da Bienal de Veneza de 2019 e trabalhou com artistas como Beyonce, Solange, Jay-Z e, mais recentemente, Kanye West.

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