CONCERTO: João Mortágua | AXES
Hot Club de Portugal
14 Dez 2019 | sex | 22:30
Foi em Estarreja, a sua terra natal,
que João Mortágua deu os primeiros passos na música. Tinha então
7 anos de idade e até ao Conservatório, onde acumulou o estudo do
piano com o saxofone, foi um pequenino passo. Seguiu-se a ida para
Lisboa, a fim de estudar Ciências da Comunicação, e o ingresso na
escola do Hot Club de Portugal. O resto condensa-se em intensas
experiências musicais, um leque de ambiciosos projectos, muito
trabalho e muito talento, o que faz dele, no presente, um dos maiores
saxofonistas da cena jazz nacional. E foi precisamente João Mortágua
quem, na noite da passada sexta-feira, regressou à mítica sala
lisboeta - “o clube mais quente da capital” -, trazendo na
bagagem uma proposta de revisitação do seu álbum “AXES”, de
2017, com a chancela da Carimbo Porta-Jazz.
Com Alexandre Lázaro e Pedro
Vasconcelos nas baterias e, nos saxofones, José Soares, Hugo Ciríaco
e Rui Teixeira, para além, naturalmente, de João Mortágua, o
sexteto proporcionou momentos de excelência, recebendo o tributo de
um público conhecedor e entusiasta, sob a forma de calorosos
aplausos. “Bird Drible” deu o pontapé de saída do concerto,
espalhando no ar uma energia contagiante, os saxofones a fazerem ecoar na sala ressonâncias campestres, a música
dos Balcãs a impor-se como uma forte influência. Numa onda mais
experimentalista, “Fadecafone” constituiu outro grande momento,
os saxofones em roda livre na parte inicial do tema, para se irem
ajustando aos poucos até se harmonizarem por completo, logo tudo
“desfeito” com vibrantes solos de bateria para se voltar a
recompor mais à frente.
O mais belo momento da noite chegaria
com “Pyramidal”, uma composição inspiradíssima assente num
diálogo intenso entre os saxofones de João Mortágua e de José
Soares, o jazz fortemente irmanado com a música barrroca, para gozo
e gáudio dos presentes. “Shiny Axe” e “Methall” mantiveram o
concerto em alta, terminando com outra enorme composição,
“Decablues”, Rui Teixeira a destacar-se como o grande saxofonista
que é. Duas notas de cariz pessoal a terminar: A primeira para dizer
o quanto gostei da música de João Mortágua, da tremenda evolução
sentida desde que o vi pela primeira vez com a Big Band Estarrejazz,
mas também da sua presença leve e descontraída em palco, deixando
transparecer o quanto há de vigoroso e inovador no jazz que lhe corre nas veias. A
segunda, para dar conta da emoção que senti em, pela primeira vez,
assistir a um concerto de jazz nesta sala emblemática. O “dois em
um” perfeito!
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