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EXPOSIÇÃO DE PINTURA: “Lusíadas,
a Alma da (Nossa) Gente”,
de Gina Marrinhas
Biblioteca Municipal de Ovar
20 Set > 09 Nov 2019
— "Ó glória de mandar! Ó vã
cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
A Sala de Exposições da Biblioteca
Municipal de Ovar acolhe, até ao próximo dia 09 de Novembro,
“Lusíadas, a Alma da (Nossa) Gente”, conjunto de trabalhos da
pintora Gina Marrinhas por onde perpassam os versos de Luís de
Camões, seu fundamento e brisa inspiradora. O primeiro quadro invoca
a musa Calíope e nele se intuem caminhos de sabedoria,
eloquência e poesia feitos. Entre as boas graças dos deuses e o canto de
belas ninfas, é atravessando-os que visitamos uma parte importante
da nossa alma, o clamor das batalhas, a dor da partida,
os amores para sempre adiados, “tantas vezes a morte apercebida!”
Como refere Sérgio Azeredo num texto
intitulado “As Emoções no Silêncio” e que acompanha esta
exposição, “a pintura de Gina Marrinhas conta-nos uma história
de emoções profundas, que exprime o inconsciente-consciente
pessoal. Apologia sensorial que valoriza a imagem, de impacto visual
assumido, e mergulha nas águas de um oceano turbulento, cheio de
belezas inocentes, que parecem atingidas pela tristeza, em meios
sorrisos interrogativos e plenos de ironia esboçada, sussurrando
segredos. Gina Marrinhas confronta-nos com a intemporalidade cósmica,
num diálogo tenso, de aspectos intangíveis, em traços de uma
austeridade serena e de amor sentido.”
Singela nas cores esmaecidas,
imensamente bela no desenho, intensa na mensagem, “Lusíadas, a Alma da (Nossa) Gente”
é uma exposição que cala fundo em nós. Uma boa parte da nossa
herança histórica de quase nove séculos cabe inteira neste
conjunto de trabalhos, nos quais, inevitavelmente, nos revemos. Com “Batalha de Aljubarrota”, “Episódio
de Inês de Castro”, “Velho do Restelo” ou “Vasco da Gama”,
é da nossa cultura e da nossa civilização como memória, vida e
futuro, que Gina Marrinhas nos fala. Fala-nos de sóis e de ventos,
de promontórios que se erguem como gigantes e da imensidão do mar,
do concílio dos deuses e da fé dos mortais. Fala-nos do pão que
sacia a fome aos homens e dos seus feitos gloriosos, mas também nos
lembra o quanto torturaram e mataram. Fala-nos da beleza, da
grandiosidade e da dádiva, mas fala-nos também da ignomínia e da
vergonha, que não podem ser esquecidas para que jamais voltem a
acontecer.
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