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EXPOSIÇÃO DE PINTURA E DESENHO:
“Blooming Skin”,
de Evelina Oliveira
Centro de Artes de Águeda – Sala
Estúdio
26 Out > 01 Dez 2019
“(...) a terra preta a perder de
vista riscada por linhas negras verticais dos cadáveres vegetais...
árvores rasgadas mostrando a madeira vermelha do miolo, como carnes
golpeadas...
E o silêncio... um silêncio absurdo.”
Evelina Oliveira já passava na região
de Oliveira do Hospital e Seia com alguma frequência, registando nos
sentidos as cores e ruídos próprios da natureza ao sabor das
estações nestas regiões montanhosas. Foi assim que se habituou a
conhecer e a amar as aves e os insectos luzindo por entre ventos que
estremecem a folhagem alta ou a escutar o latido dos cães das
quintas que, lá em baixo no vale, pontuam a paisagem duma floresta
luxuriante. Depois vieram os incêndios de Outubro de 2018 e tudo
mudou: “A floresta fica muda, já não há grilos nem insecto
algum... os cães morreram, assim como as aves... apenas o vento lá
no alto raspa as folhas causticadas que restam em algumas árvores”.
Entre o antes e o depois, o verde e o
negro, o esplendor e a desolação, Evelina Oliveira aponta o sentido
de “Blooming Skin”, conjunto de peças de pintura e desenho tendo
como suporte, maioritariamente, madeira, e que pode ser apreciada na bonita e espelhada Sala Estúdio do
Centro de Artes de Águeda. Nelas, a artista apresenta, com optimismo
e uma enorme serenidade, a sua visão sobre uma terra dilacerada e a
forma como, ela própria, qual Fénix, revela uma enorme capacidade
de renascer das cinzas. O que interessa à artista é o regresso do
verde, do qual as pequenas flores amarelas e brancas que, afagadas
pelos débeis raios de sol e beijadas pelas gotas de chuva, vão
despontando por toda a parte, são já o mais promissor prenúncio.
Neste “hino à vida e à beleza do
desabrochar resplandecente da pele vegetal e animal, da pele da
Terra, húmus da vida”, Evelina Oliveira oferece-nos a doçura do
seu olhar sobre as flores, os insectos, animais de maior porte e o
próprio homem, simultaneamente espectadores e testemunhas dum
processo que, em si mesmo, é definidor da sua (nossa) natureza. Com
as forças vitais da criação – fogo, terra, ar e água – bem
patentes em obras eivadas de beleza e sensibilidade, é num universo
poético que mergulhamos e no qual nos revemos, o olhar ao encontro
dos nossos próprios passos por entre um turbilhão de
borboletas esvoaçando em volta numa exaltante ode à alegria. A não perder, até ao próximo dia 1 de Dezembro.
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