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sábado, 16 de novembro de 2019

EXPOSIÇÃO DE PINTURA E DESENHO: "Blooming Skin"


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EXPOSIÇÃO DE PINTURA E DESENHO: “Blooming Skin”,
de Evelina Oliveira
Centro de Artes de Águeda – Sala Estúdio
26 Out > 01 Dez 2019


“(...) a terra preta a perder de vista riscada por linhas negras verticais dos cadáveres vegetais... árvores rasgadas mostrando a madeira vermelha do miolo, como carnes golpeadas...
E o silêncio... um silêncio absurdo.”

Evelina Oliveira já passava na região de Oliveira do Hospital e Seia com alguma frequência, registando nos sentidos as cores e ruídos próprios da natureza ao sabor das estações nestas regiões montanhosas. Foi assim que se habituou a conhecer e a amar as aves e os insectos luzindo por entre ventos que estremecem a folhagem alta ou a escutar o latido dos cães das quintas que, lá em baixo no vale, pontuam a paisagem duma floresta luxuriante. Depois vieram os incêndios de Outubro de 2018 e tudo mudou: “A floresta fica muda, já não há grilos nem insecto algum... os cães morreram, assim como as aves... apenas o vento lá no alto raspa as folhas causticadas que restam em algumas árvores”.

Entre o antes e o depois, o verde e o negro, o esplendor e a desolação, Evelina Oliveira aponta o sentido de “Blooming Skin”, conjunto de peças de pintura e desenho tendo como suporte, maioritariamente, madeira, e que pode ser apreciada na bonita e espelhada Sala Estúdio do Centro de Artes de Águeda. Nelas, a artista apresenta, com optimismo e uma enorme serenidade, a sua visão sobre uma terra dilacerada e a forma como, ela própria, qual Fénix, revela uma enorme capacidade de renascer das cinzas. O que interessa à artista é o regresso do verde, do qual as pequenas flores amarelas e brancas que, afagadas pelos débeis raios de sol e beijadas pelas gotas de chuva, vão despontando por toda a parte, são já o mais promissor prenúncio.

Neste “hino à vida e à beleza do desabrochar resplandecente da pele vegetal e animal, da pele da Terra, húmus da vida”, Evelina Oliveira oferece-nos a doçura do seu olhar sobre as flores, os insectos, animais de maior porte e o próprio homem, simultaneamente espectadores e testemunhas dum processo que, em si mesmo, é definidor da sua (nossa) natureza. Com as forças vitais da criação – fogo, terra, ar e água – bem patentes em obras eivadas de beleza e sensibilidade, é num universo poético que mergulhamos e no qual nos revemos, o olhar ao encontro dos nossos próprios passos por entre um turbilhão de borboletas esvoaçando em volta numa exaltante ode à alegria. A não perder, até ao próximo dia 1 de Dezembro.

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