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quarta-feira, 3 de setembro de 2025

EXPOSIÇÃO: "O Atlântico que nos Une"



EXPOSIÇÃO: “O Atlântico que nos Une”,
de Antón Sobral, Chelo Rodríguez, Cristina Fernández Nuñez, David Pessegueiro, Eva Tarrío, Evelina Oliveira, Jose Molares, Luísa Gonçalves, Manuela Pimentel, Rosa García, Rui Aguiar, Rui Anahory
Árvore – Cooperativa de Actividades Artísticas
09 Ago > 20 Set 2025


Faz-se de palavras, sons e cores o fio invisível que une Portugal e a Galiza. Neles ressoam o pulsar de raízes ancestrais, as memórias da terra, a língua irmã que partilhamos, as melodias comuns que dançamos — como se de um relicário se tratasse: um relicário de histórias, dores, amores e mitos que atravessam fronteiras invisíveis. Nas duas margens do Rio Minho, celebra-se de igual forma a poesia de Rosalía de Castro, com a sua melancolia doce, e os versos de Miguel Torga, cânticos de amor à terra e à alma. Entoamos Uxía e, com ela, o silêncio dos campos e a força das gentes humildes; tal como cantamos Zeca Afonso, expressão viva de um povo que se abraça em dignidade e liberdade. Neste misto de história e cultura comuns — tendo a língua como alicerce — há também lugar para as artes plásticas e para a forma como interpretam “o Atlântico que nos une”: as tempestades, os ventos, a riqueza que do seu ventre retiramos, mas também a sua cólera, a sua força, e a dor que tantas vezes nos confronta e agride.

Patente na galeria principal da Cooperativa Árvore, “O Atlântico que nos Une” é uma exposição colectiva luso-galaica que resulta do trabalho de seis artistas portugueses e seis galegos. Todos diferentes na expressão e na forma de olhar o mundo, mas unidos nesta partilha do viver e do sentir que nos aproxima de forma profundamente fraterna. Antón Sobral, Chelo Rodríguez, Cristina Fernández Nuñez, David Pessegueiro, Eva Tarrío, Evelina Oliveira, Jose Molares, Luísa Gonçalves, Manuela Pimentel, Rosa García, Rui Aguiar e Rui Anahory dão testemunho, através das suas obras, de um mesmo sentimento de pertença e de celebração do muito que temos em comum. Entre a pintura e a escultura, apresentam obras irmanadas no encontro eterno entre passado e presente — um hino de saudade e de festa que transcende fronteiras geográficas para se enraizar no íntimo de quem as contempla. Na forma como convergem, os trabalhos estabelecem entre si um diálogo de cores, formas e texturas que evocam paisagens agrestes e rostos marcados pelo tempo.

Aos olhos do visitante, é o trabalho de pintores e escultores de ambos os lados da fronteira que se abre como uma terra única de fraternidade. No encontro de mãos que se querem livres, há um canto silencioso — uma prece visual pela preservação do que é genuíno e essencial, feito de identidades partilhadas. Como oradores do aço, do barro ou da areia da praia, Eva Tarrío, Rui Anahory e Jose Molares evocam a força bruta da natureza — mas também a sua fragilidade. Rosa García rasga o olhar sobre a floresta, Chelo Rodríguez introduz uma nota de diversidade, Cristina Fernández Nuñez abre uma janela sobre a paisagem, e Manuela Pimentel recorda-nos que “antes de tudo deve-se cuidar da alma”. Uns e outros contam histórias silenciosas — narrativas visuais que atravessam o tempo e a geografia, reforçando uma identidade plural e unida. Na sua arte encontramos a possibilidade de reconstruir e reinventar, num gesto criativo que homenageia a ancestralidade sem perder o impulso do novo. A exposição está patente até ao dia 20 de Setembro.

sábado, 16 de novembro de 2019

EXPOSIÇÃO DE PINTURA E DESENHO: "Blooming Skin"


[Clicar na imagem para ver mais fotos]

EXPOSIÇÃO DE PINTURA E DESENHO: “Blooming Skin”,
de Evelina Oliveira
Centro de Artes de Águeda – Sala Estúdio
26 Out > 01 Dez 2019


“(...) a terra preta a perder de vista riscada por linhas negras verticais dos cadáveres vegetais... árvores rasgadas mostrando a madeira vermelha do miolo, como carnes golpeadas...
E o silêncio... um silêncio absurdo.”

Evelina Oliveira já passava na região de Oliveira do Hospital e Seia com alguma frequência, registando nos sentidos as cores e ruídos próprios da natureza ao sabor das estações nestas regiões montanhosas. Foi assim que se habituou a conhecer e a amar as aves e os insectos luzindo por entre ventos que estremecem a folhagem alta ou a escutar o latido dos cães das quintas que, lá em baixo no vale, pontuam a paisagem duma floresta luxuriante. Depois vieram os incêndios de Outubro de 2018 e tudo mudou: “A floresta fica muda, já não há grilos nem insecto algum... os cães morreram, assim como as aves... apenas o vento lá no alto raspa as folhas causticadas que restam em algumas árvores”.

Entre o antes e o depois, o verde e o negro, o esplendor e a desolação, Evelina Oliveira aponta o sentido de “Blooming Skin”, conjunto de peças de pintura e desenho tendo como suporte, maioritariamente, madeira, e que pode ser apreciada na bonita e espelhada Sala Estúdio do Centro de Artes de Águeda. Nelas, a artista apresenta, com optimismo e uma enorme serenidade, a sua visão sobre uma terra dilacerada e a forma como, ela própria, qual Fénix, revela uma enorme capacidade de renascer das cinzas. O que interessa à artista é o regresso do verde, do qual as pequenas flores amarelas e brancas que, afagadas pelos débeis raios de sol e beijadas pelas gotas de chuva, vão despontando por toda a parte, são já o mais promissor prenúncio.

Neste “hino à vida e à beleza do desabrochar resplandecente da pele vegetal e animal, da pele da Terra, húmus da vida”, Evelina Oliveira oferece-nos a doçura do seu olhar sobre as flores, os insectos, animais de maior porte e o próprio homem, simultaneamente espectadores e testemunhas dum processo que, em si mesmo, é definidor da sua (nossa) natureza. Com as forças vitais da criação – fogo, terra, ar e água – bem patentes em obras eivadas de beleza e sensibilidade, é num universo poético que mergulhamos e no qual nos revemos, o olhar ao encontro dos nossos próprios passos por entre um turbilhão de borboletas esvoaçando em volta numa exaltante ode à alegria. A não perder, até ao próximo dia 1 de Dezembro.