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EXPOSIÇÃO DE DESENHO E PINTURA:
“Metamorfoses da Humanidade”,
de Graça Morais
Museu Nacional de Soares dos Reis
25 Jul > 29 Set 2019
Estranho e perturbador, assim podemos
classificar “Metamorfoses da Humanidade”, o notável conjunto de
oito dezenas de desenhos e pinturas, da autoria da artista plástica
Graça Morais e que por estes dias pode ser apreciado no Museu Nacional de
Soares dos Reis, no Porto. Mais do que uma exposição, porém, esta é uma reflexão
da artista sobre o espaço em que nos inserimos e aquilo em que nos
estamos a transformar. Usando as palavras da apresentação desta
mostra, estamos aqui perante “um olhar muito particular sobre a
humanidade”, que resulta em obras “grandemente comprometidas com
a sociedade contemporânea”, o homem a cair sobre si próprio como uma praga de gafanhotos, ele próprio um ser em mutação, a cabeça couraçada, as pinças em lugar dos dedos, avançando em hordas, sem destino definido.
Realizados em 2018, estes trabalhos
espelham, de forma contundente, a figura humana e a sua condição
num mundo em convulsão. Os rostos, quase só esboçados, mostram
recorrentemente as mordaças, as cadeias ou os arames que impedem as
bocas de se abrirem, de se expressarem, de clamarem por justiça ou,
sequer, por auxílio. Alinhadas contra um muro, humilhadas, com os
braços estendidos ou seguindo em filas intermináveis, com as
crianças pela mão ou ao colo, estas figuras representam as ondas de
migrantes e refugiados forçados a abandonarem a sua casa e o seu
país, fugindo da fome, da pobreza, das guerras, da violência e da
morte, empurrados para um futuro onde reina a incerteza e o medo.
“Tão intrigantes como grotescas, tão
serenas como inquietas, tão densas como etéreas”, as figuras e os
rostos que se abrem ao olhar do visitante espelham uma complexa trama
de emoções e acções humanas. Elas são “a materialização de
um universo desconcertante, transgressor, apartado de qualquer
organização racional e lógica de sentidos”. Em cada um dos
trabalhos apresentados, como se em pequenos pedaços de um mundo
estilhaçado, reconhecemos emoções que nos são íntimas. A
voragem, a capacidade de destruir, a vontade de recusar ao outro a
sua humanidade e dignidade, ou o desejo de domínio, tudo isso
encontramos aí, a par do sofrimento das vítimas na sua silenciosa e
derradeira resistência, na sua resiliente exigência de dignidade.
Tudo para ver, com entrada gratuita, até ao próximo dia 29 de
Setembro.
Mais uma descrição espantosa que estimula a visita!Obrigada beijinhos
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