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EXPOSIÇÃO DE GRAVURA: “Suite
Vollard”,
de Pablo Picasso
Palácio das Artes, Porto
30 Mai > 11 Set 2019
Desenganem-se aqueles que pensam ter já
visto tudo de Pablo Picasso, do período azul ao período africano,
do período rosa ao cubismo analítico ou sintético. Encomenda do
negociante de obras de arte e editor Ambroise Vollard e realizada
entre 13 de setembro de 1930 e março de 1937, a “Suite Vollard”
é um conjunto de 100 gravuras com tiragens reduzidas e que, no seu
formato mais pequeno, se encontra actualmente disperso, com muito
poucas colecções integrais destas gravuras a puderem ser vistas. As
excepções são o British Museum, o MoMA de Nova Iorque, o Museu
Picasso de Paris, a National Gallery of Art de Washington ou esta
série, detida pela fundação MAPFRE e que pode ser agora apreciada
no Palácio das Artes, no Porto, até ao próximo dia 11 de Setembro.
A série completa inclui três Retratos
de Vollard, cinco gravuras relativas à “Batalha do Amor” –
também designadas “Violação” – quarenta e seis gravuras
sobre “O Atelier do Escultor”, quatro gravuras sobre “Rembrandt”,
quinze gravuras sobre “O Minotauro” e “O Minotauro Cego” e
vinte e sete composições referentes a “Temas Diversos”. As
gravuras não seguem nenhuma sequência lógica nas suas imagens, a
sua cronologia obedeceu antes a acontecimentos externos e pessoais do
artista. O cromatismo exuberante de Picasso é aqui substituído pelo
traço negro, declinado, ora em espirais delicadas ora num turbilhão
de sombras e músculos – entre a pose e o movimento, a ternura e o
frémito, oferecendo-nos um conjunto de enorme beleza e coerência formal.
A “Suite Vollard” expõe plenamente
a dialética picassiana que oscila entre a ordem e a violência, o
classicismo e a modernidade. Embates vigorosos e terríficos alternam
com paisagens povoadas por criaturas da mitologia e do bestiário
espanhol, muito centrado no mundo da tourada. Rembrandt, visto como
figura algo rude, também marca presença neste trabalho de Picasso,
tal como Chagall, apenas invocado em figuras que rasgam os céus, contemplando a acção. Motivos para uma deslocação à cidade
Invicta não faltam, sendo este, seguramente, um deles. Apesar do
espaço expositivo não ser o mais adequado – pelas dimensões
acanhadas e pela deficiente iluminação das obras –, uma visita à
“Suite Vollard” é uma oportunidade única e imperdível.
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