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sábado, 20 de julho de 2019

EXPOSIÇÃO DE GRAVURA: "Suite Vollard"


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EXPOSIÇÃO DE GRAVURA: “Suite Vollard”,
de Pablo Picasso
Palácio das Artes, Porto
30 Mai > 11 Set 2019


Desenganem-se aqueles que pensam ter já visto tudo de Pablo Picasso, do período azul ao período africano, do período rosa ao cubismo analítico ou sintético. Encomenda do negociante de obras de arte e editor Ambroise Vollard e realizada entre 13 de setembro de 1930 e março de 1937, a “Suite Vollard” é um conjunto de 100 gravuras com tiragens reduzidas e que, no seu formato mais pequeno, se encontra actualmente disperso, com muito poucas colecções integrais destas gravuras a puderem ser vistas. As excepções são o British Museum, o MoMA de Nova Iorque, o Museu Picasso de Paris, a National Gallery of Art de Washington ou esta série, detida pela fundação MAPFRE e que pode ser agora apreciada no Palácio das Artes, no Porto, até ao próximo dia 11 de Setembro.

A série completa inclui três Retratos de Vollard, cinco gravuras relativas à “Batalha do Amor” – também designadas “Violação” – quarenta e seis gravuras sobre “O Atelier do Escultor”, quatro gravuras sobre “Rembrandt”, quinze gravuras sobre “O Minotauro” e “O Minotauro Cego” e vinte e sete composições referentes a “Temas Diversos”. As gravuras não seguem nenhuma sequência lógica nas suas imagens, a sua cronologia obedeceu antes a acontecimentos externos e pessoais do artista. O cromatismo exuberante de Picasso é aqui substituído pelo traço negro, declinado, ora em espirais delicadas ora num turbilhão de sombras e músculos – entre a pose e o movimento, a ternura e o frémito, oferecendo-nos um conjunto de enorme beleza e coerência formal.

A “Suite Vollard” expõe plenamente a dialética picassiana que oscila entre a ordem e a violência, o classicismo e a modernidade. Embates vigorosos e terríficos alternam com paisagens povoadas por criaturas da mitologia e do bestiário espanhol, muito centrado no mundo da tourada. Rembrandt, visto como figura algo rude, também marca presença neste trabalho de Picasso, tal como Chagall, apenas invocado em figuras que rasgam os céus, contemplando a acção. Motivos para uma deslocação à cidade Invicta não faltam, sendo este, seguramente, um deles. Apesar do espaço expositivo não ser o mais adequado – pelas dimensões acanhadas e pela deficiente iluminação das obras –, uma visita à “Suite Vollard” é uma oportunidade única e imperdível.

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