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CERTAME: FESTA 2019
Parque Urbano de Ovar
13 Jul 2019 | sab | 16:00
Ovar voltou a viver um dia diferente
com a 6ª edição do FESTA. Um cartaz de luxo chamou ao bonito e bem
cuidado espaço do Parque Urbano de Ovar uma mole imensa de gente
alegre e divertida, para um conjunto de concertos de enorme qualidade
que se estenderam por largas horas, até à madrugada do dia
seguinte. A celebrar 20 anos de carreira, com muita loucura de
permeio, o sexteto Be-Dom, um dos mais mediáticos grupos de
percussão em Portugal, deu o pontapé de saída nesta tarde de festa. Feito de energia, animação e muito ritmo, o espectáculo
mostrou como extrair sons de latas, bidões, garrafas e tudo o mais
que se possa imaginar, juntando aos conceitos de brincadeira, ritmo e
partilha, uma mensagem ecológica sobre a importância da separação,
da reciclagem e da reutilização.
De Angola, Aline Frazão trouxe-nos a
doçura da sua voz e a harmonia das suas composições, num concerto
intimista que deu a conhecer algumas canções do seu quarto álbum
de originais, “Dentro da Chuva”. Ao despojamento e introspecção
de temas como “Sumaúma”, “Ces Petits Riens”, ou “Um Corpo
Sobre o Mapa”, juntou a cantora “Crónica de um (Des)Encontro”,
“Cacimbo” ou esse poderoso “Langidila”, construindo um
concerto sem artifícios, as memórias familiares de mãos dadas com
a crónica social, o todo imensamente belo e envolvente. Unindo
músicos portugueses e brasileiros, o Projecto Ferver prometeu e
cumpriu, pondo toda a gente a dançar. Dirigido por Ivo Pinho, o
colectivo de nove elementos interpretou temas de alguns dos grande
nomes do Frevo, deixando no ar um cheirinho a Carnaval pernambucano e a certeza dum enorme virtuosismo e
qualidade. A fechar a tarde, o cabo-verdiano Julinho da Concertina
trouxe-nos a genuinidade do funaná em temas como “Casamento”,
“Na Estrada” ou “Diabo Tocador”, mas também um inesperado
“Vira” minhoto, irmanando o mundo lusófono no espaço de um
muito aclamado concerto.
A metade nocturna do FESTA abriu com a
brasileira Elza Soares, num concerto com tanto de música e de ritmo,
como de activismo político. “Mil nações / Moldaram minha cara /
Minha voz / Uso pra dizer o que se cala / O meu país / É meu lugar
de fala” dava o mote para
uma noite de celebração da negritude, do orgulho LGBT e sobretudo,
das mulheres. Apoiada num
fabuloso septeto de músicos e vozes, Elza Soares mostrou que a idade
não conta no momento de denunciar que o negro é “a carne mais
barata do mercado”. “Banho”, “Eu Quero Comer Você”, “Deus é Mulher”, “Hienas na TV”, “Clareza”, “Maria da Vila
Matilde” ou “Luz Vermelha” foram hinos feministas gritados por
esta rainha de 82 anos, vibrantemente acompanhada por uma mole imensa
de súbditos que com ela gritaram do início ao fim do concerto. Coube
aos cabo-verdianos Ferro Gaita encerrar a noite da melhor maneira,
fazendo-o em jeito de festa. Funaná, batuque ou tabanka, tudo serviu
para pôr a mexer as muitas centenas de pessoas que povoavam o espaço
ao início da madrugada de domingo. O FESTA chegava ao fim mas os
seus ecos perdurarão nos corações de todos quantos fizeram a
festa.
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