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LUGARES: Edifício da Faculdade de Arquitectura
da Universidade do Porto
Open House Porto 2019
Visita comentada por Alberto Lage
30 Jun 2019 | dom | 17:00
Coroando um fim de semana dedicado à
Arquitectura e que se revelaria riquíssimo de ensinamentos e
descobertas, a visita comentada ao Edifício da Faculdade de
Arquitectura da Universidade do Porto (Álvaro Siza Vieira, 1992) foi
como que “a cereja no topo do bolo”. Para tal muito contribuiram
a disponibilidade e os extraordinários dotes de comunicador do
Arquitecto Alberto Lage, cicerone de uma visita que se prolongou por
quase duas horas e meia e que, para além do Edifício FAUP, se
estendeu aos espaços exteriores da Casa Cor de Rosa, Cavalariças e
Pavilhão Carlos Ramos.
Tão importante como a visita aos
espaços terá sido a verdadeira aula sobre Álvaro Siza Vieira,
referência maior da chamada “Escola do Porto”, Prémio Pritzker
em 1992 e autor dos projectos de todo este significativo conjunto
edificado. Abraçando o desafio de construir o Edifício FAUP num
belo miradouro debruçado sobre a meia encosta da margem direita do
Rio Douro e, simultaneamente, vencer os obstáculos que o complexo
rodoviário que serve a Ponte da Arrábida colocavam, Siza Vieira fez
pontuar a paisagem com volumes isolados, quatro torreados e uma
“não-torre”, que viria a ficar conhecida por piscina-seca. Ao
fundo, um edifício persegue as curvas de nível contorcendo-se para
acompanhar os seus movimentos naturais.
O bar, o salão nobre, os serviços, os
auditórios, a biblioteca, a sala de exposições e demais
dependências habitam este volume contínuo que, apenas pontualmente,
procura relações com o exterior. Os alçados, com as suas
molduras/janelas, exprimem a transição da forma para o espaço. O
Museu é um espaço pan-óptico definido por intersecções de eixos
ou de volumes, bem como através de nódulos ou cruzamentos. Os
corredores afunilam-se, oferecendo uma percepção visual que se
afasta da realidade. O auditório é espaço de metamorfose: uma
parede desce silenciosamente para a cave e o auditório Távora
prolonga-se para a sala plana. A biblioteca é pontuada por uma
surpreendente clarabóia que atravessa o tecto e a invade de luz.
O conjunto completa-se com três
torres, três volumes de alturas desiguais, com uma individualidade
quase antropomórfica. Cada sala de aulas é igual a todas as outras
e todas são completamente diversas, na orientação e na luz, na
forma como de cada uma se interpreta o círculo constante da
paisagem. Todo este sistema se apoia, dando coesão ao conjunto, numa
rede de comunicações internas de grande fluidez, átrios, galerias,
rampas, escadas, que conformam os espaços de encontro, cruzamento,
sociabilidade, labirínticos e redundantes, dinâmicos. A escola é,
assim, uma soma de objectos tipologicamente identificáveis, com
funções clarificadas programaticamente, unidos por espaços de
circulação de grande complexidade formal que constituem a sua
estrutura.
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