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sábado, 13 de julho de 2019

LUGARES: Edifício da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto


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LUGARES: Edifício da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto
Open House Porto 2019
Visita comentada por Alberto Lage
30 Jun 2019 | dom | 17:00


Coroando um fim de semana dedicado à Arquitectura e que se revelaria riquíssimo de ensinamentos e descobertas, a visita comentada ao Edifício da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (Álvaro Siza Vieira, 1992) foi como que “a cereja no topo do bolo”. Para tal muito contribuiram a disponibilidade e os extraordinários dotes de comunicador do Arquitecto Alberto Lage, cicerone de uma visita que se prolongou por quase duas horas e meia e que, para além do Edifício FAUP, se estendeu aos espaços exteriores da Casa Cor de Rosa, Cavalariças e Pavilhão Carlos Ramos.

Tão importante como a visita aos espaços terá sido a verdadeira aula sobre Álvaro Siza Vieira, referência maior da chamada “Escola do Porto”, Prémio Pritzker em 1992 e autor dos projectos de todo este significativo conjunto edificado. Abraçando o desafio de construir o Edifício FAUP num belo miradouro debruçado sobre a meia encosta da margem direita do Rio Douro e, simultaneamente, vencer os obstáculos que o complexo rodoviário que serve a Ponte da Arrábida colocavam, Siza Vieira fez pontuar a paisagem com volumes isolados, quatro torreados e uma “não-torre”, que viria a ficar conhecida por piscina-seca. Ao fundo, um edifício persegue as curvas de nível contorcendo-se para acompanhar os seus movimentos naturais.

O bar, o salão nobre, os serviços, os auditórios, a biblioteca, a sala de exposições e demais dependências habitam este volume contínuo que, apenas pontualmente, procura relações com o exterior. Os alçados, com as suas molduras/janelas, exprimem a transição da forma para o espaço. O Museu é um espaço pan-óptico definido por intersecções de eixos ou de volumes, bem como através de nódulos ou cruzamentos. Os corredores afunilam-se, oferecendo uma percepção visual que se afasta da realidade. O auditório é espaço de metamorfose: uma parede desce silenciosamente para a cave e o auditório Távora prolonga-se para a sala plana. A biblioteca é pontuada por uma surpreendente clarabóia que atravessa o tecto e a invade de luz.

O conjunto completa-se com três torres, três volumes de alturas desiguais, com uma individualidade quase antropomórfica. Cada sala de aulas é igual a todas as outras e todas são completamente diversas, na orientação e na luz, na forma como de cada uma se interpreta o círculo constante da paisagem. Todo este sistema se apoia, dando coesão ao conjunto, numa rede de comunicações internas de grande fluidez, átrios, galerias, rampas, escadas, que conformam os espaços de encontro, cruzamento, sociabilidade, labirínticos e redundantes, dinâmicos. A escola é, assim, uma soma de objectos tipologicamente identificáveis, com funções clarificadas programaticamente, unidos por espaços de circulação de grande complexidade formal que constituem a sua estrutura.

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