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segunda-feira, 24 de junho de 2019

CONCERTO: Dino d'Santiago



CONCERTO: Dino d'Santiago
Teatro Aveirense
21 Jun 2019 | sex | 21:30


De energia feito, o concerto de Dino d'Santiago no Teatro Aveirense foi um momento de festa inexcedível. De festa e de boa música, trazida por este português, nascido em Quarteira, mas cujas raízes se podem encontrar na ilha de Santiago, em Cabo Verde. Desta combinação de culturas crescem e multiplicam-se um conjunto de ritmos e sons ancorados na alma lusófona e que vão do batuque e do funaná ao zouk, à morna, à coladera e ao fado. E tudo isto com muito soul, muito hip-hop e muito funk à mistura. Tudo ingredientes para levantar o público das cadeiras desde o primeiro instante e pôr toda a gente a dançar.

Entrando em palco sob os acordes de “Africa di Nôs”, Dino d'Santiago arrancou o concerto com “Nova Lisboa”, um dos temas mais fortes do seu mais recente album “Mundu Nôbu”. É uma canção com um ritmo contagiante e uma letra plena de significado, que nos fala duma cidade onde a mistura acontece, “deixa tarraxar mesmo sem saber”. Seguiu-se “Raboita Sta. Catarina” e, logo de seguida, “Tudo Certo”, um abraço a Branko, DJ e produtor, uma das figuras mais importantes na carreira de Dino d'Santiago, com quem apontou direcções desde o início dos Buraka Som Sistema.

A força da música subia mais e mais e pediam-se palmas e mais palmas, sem que houvesse tempo para palmas entre as canções que se sucediam a um ritmo alucinante. Dino d'Santiago estava imparável e dava trabalho ao ferro gaita. “Bô Eh Sabi”, “Fidju Poilon”, “Nôs Crença” e “Sô Bô”, do mais recente álbum, alternavam com “Nôs Tradiçon”, “Djonsinho Cabral” e “Pensa Na Oji”, do álbum “Eva”, de 2013. Pelo meio, Dino d'Santiago partilhava com o público dois novíssimos temas, prontos para integrar um terceiro álbum prometido para 2020.

O concerto entrava na recta final e oferecia agora os temas mais fortes. “Mundu Nôbu” e esse enorme sucesso intitulado “Como Seria” - fortemente inspirado na vida de um dos casais mais adorados do mundo da música, Beyoncé e Jay-Z – precederam o frenético “Funaná Na Mundu”, uma festa que fez sentir em palco a presença dos Karetus e do enorme Djodje. Último tema do alinhamento, “Nôs Funaná” foi a verdadeira apoteose, o cantor a deixar o palco e a postar-se na terceira fila da plateia, o público a deixar os lugares, a ocupar o espaço entre as cadeiras e o palco e a gritar “aqui começa um novo dia / Sé pam pidi oxi bu mon / Djam leba nôs funaná, eeeh”. A ovação arrastou-se por largos minutos e Dino d'Santiago voltou ao palco para o tão esperado “encore” onde começou por cantar “Sodade”, imortalizado por Cesária Évora e verdadeiro hino de cabo-verde e do mundo, com o qual encantou Madonna. Como um ciclo que se fecha, o tema final foi uma repetição da abertura, “Nova Lisboa”, ainda mais forte e vibrante, “se o batuku vai, deixa andar. (...) Qualé ideia? Mas qualé ideia?”. Inesquecível!

[Foto: Paulo Batista | facebook.com/paulo.batista]

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