CINEMA: “Em Chamas” / “Beoning”
Realização | Chang-dong Lee
Argumento | Jungmi Oh, Chang-dong
Lee
Fotografia | Kyung-pyo Hong
Montagem | Da-wom Kim, Hyun Kim
Interpretação | Ah-in Yoo, Steven
Yeun, Jong-seo Jun, Soo-Kyung Kim. Seung-ho Choi, Seung-kun Mun,
Bok-gi Min, Soo, Jeong Lee
Produção | Chang-dong Lee,
Gwang-hee Ok
Coreia do Sul, Japão | 2018 |
Drama, Mistério | 148 minutos | M/14
Cinema Dolce Espaço
23 Jun 2019 | dom | 18:30
Da Coreia do Sul, com desamor,
chega-nos um novo clássico moderno do cinema asiático que tem como
ponto de partida um reencontro, para se converter mais tarde num
triângulo amoroso e terminar de forma violenta, depois de se ter
convertido numa fixação. Um homem e uma mulher reencontram-se
casualmente após se terem passados muitos anos desde que
frequentaram o mesmo colégio. Na vida dos dois irá entrar uma
terceira pessoa, um outro homem que a mulher conhece numas curtas
férias no Quénia. Curioso, distante e com demasiados segredos para
alguém que se apresenta de forma tão distinta, é este segundo
homem que dará forma ao resto do filme.
“Em Chamas” goza de um ritmo lento,
sendo este uma consequência do estilo naturalista e metódico do
realizador Chang-dong Lee. Nada acontece ao acaso, ao mesmo tempo
que, durante largos minutos, se abrem aos nossos olhos as vidas
comuns de pessoas comuns desenrolando-se com toda a naturalidade e
sem aquele motor artificial da trama que se revela vital em produções
mais comerciais. As sequências fluem ao correr do tempo, a
fotografia é depuradíssima, há um trabalho de actores notável e
há também o facto de tudo se passar numa Coreia do Sul a atravessar
uma profunda crise, os ecos dos vizinhos do Norte a vencerem
fronteiras. À medida que o filme se adensa, o espectador percebe que
está perante uma história de obsessão e incerteza daquelas que não
se vêem todos os dias, a calma aparente escondendo uma bomba prestes
a explodir.
Chang-dong Lee possui na sua Coreia
natal uma fama que supera largamente o seu reconhecimento
internacional, mesmo depois das recentes conquistas em Veneza e em
Cannes. Por cá é um quase desconhecido, dele se tendo visto apenas
“Poesia”, estreado em 2011 entre nós. Pontualmente vai havendo
público para quem um filme coreano de duas horas e meia represente
uma proposta tentadora mas importa dizer, a todos quantos estão na
dúvida, que “Em Chamas” merece uma oportunidade. É uma
experiência que, seguramente, se irá manter na mente por um largo
período de tempo, recuperando situações, diálogos ou
acontecimentos que, retrospectivamente, alcançarão um significado
cada vez maior. Tal como um bom livro, ao qual regressamos sempre.
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