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sábado, 25 de maio de 2019

CERTAME: Ci.CLO - Bienal de Fotografia do Porto


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CERTAME: “Ci.CLO Bienal Fotografia do Porto”
Vários espaços
16 Mai > 02 Jul 2019


Arrancou no Porto a Ci.CLO Bienal Fotografia do Porto, plataforma de criação, debate e reflexão que, a partir da fotografia e da sua relação transdisciplinar com outros campos artísticos, se propõem questionar as suas próprias metodologias e convocar narrativas motivadas por mudanças culturais e ambientais. Nesta primeira edição do certame, a crise social e ecológica que o mundo actual enfrenta serve de mote para um conjunto de dezasseis exposições de cinquenta e três artistas, tendo como complemento oito oficinas, um simpósio, uma publicação e três concertos.

Procurando cumprir o programa o mais fielmente possível, dediquei a tarde de um dia de semana para uma visita à Bienal. Foi o juntar do útil ao agradável, já que a ligação entre os dez espaços visitados implicou um “percurso turístico” que, em menos de quatro horas, me levou da Casa Tait e dos Jardins do Palácio de Cristal à Casa do Infante, junto ao Douro. Começando precisamente pela Casa Tait, a proposta toma o nome de (Des)Envolvimento e resulta duma parceria entre a Ci.CLO e o Curso de Comunicação Audiovisual da Escola Artística de Soares dos Reis. São quatro os artistas aqui representados, dos quais destacaria, pelo significado e alcance do seu trabalho, Inês Taveira e o seu “EgoEco”, o egoísmo humano como causa da crise ecológica que atravessamos.

Nos Jardins do Palácio de Cristal, são dez os criadores que, sob o tema “Adaptação e Transição”, nos devolvem o seu olhar sobre as mudanças ambientais e ecológicas em curso e nos deixam uma interrogação: Como viver melhor num planeta vulnerável que ainda não está morto? Maria Oliveira e João Gigante apresentam-nos os seus magníficos projectos ao longo da Avenida das Tílias, Diogo Bento tem igualmente uma interessante exposição junto à Casa do Roseiral, Cláudio Reis prima pela originalidade num dos jardins suspensos e Constanze Flamme oferece-nos um conjunto de propostas fotográficas de grande impacto pela originalidade dos suportes, sua integração na paisagem e mensagens ecológicas implícitas. Mas há mais, muito mais para ver e, portanto, sirva-se de um mapa (há-os espalhados por todo o espaço) e ponha à prova a sua capacidade de orientação.

O Centro Português de Fotografia é a próxima paragem, aí podendo apreciar-se “Stories On Earthly Survival” e “Sixth Nature”, duas exposições que envolvem onze fotógrafos e que merecem a devida atenção. Destacaria, desde já, a apresentação de imagens de Martin Errichiello e Filippo Menichetti, a qual vale francamente a pena. Claudius Schulze traz-nos o “Acordo de Paris” em imagens que dão que pensar, o mesmo acontecendo com os polacos Ewa Ciechanowska e Artur Ubanski. Uma pequena caminhada até à Reitoria da Universidade do Porto e eis-nos perante “Future Scenarios”, uma fabulosa foto-reportagem de Lena Dobrowolska e Teo Ormond-Skeaping que nos fala do impacto das alterações climáticas sobre o planeta e sobre aqueles que nele habitam. Pessoalmente, trata-se do grande momento desta Ci.CLO Bienal Fotografia do Porto e sobre o qual falarei mais detalhadamente em crónica separada.

Após uma breve paragem no Palacete dos Viscondes de Balsemão, onde é possível apreciar uma projecção de fotografias de Lisa Hoffmann que se debruçam, em última análise, sobre o ar que respiramos, tempo para apreciar “Surviving Humanity”, o excelente trabalho de Alberto Giuliani exposto nas galerias do edifício dos Paços do Concelho e que nos dá conta dos esforços do homem em garantir a continuidade da espécie, quer através da crioconservação, quer pela construção de plataformas habitáveis noutros planetas. Rumando à Ribeira, três paragens intermédias – Estação de Metro dos Aliados e de S. Bento e Palácio de Belomonte - levam-nos ao encontro de propostas muito diferentes entre si, mas todas elas interessantes. Destacaria, neste último espaço, o trabalho de Raquel Nunes que, num terraço magnífico, nos oferece um prolongamento espacial da cidade através do silêncio e nos proporciona uma experiência com tanto de inesperado como de fascinante. Finalmente, na Casa do Infante, dos italianos Duae Collective, podemos ver “Besòs: A Noble Ecosystem”, uma abordagem multidisciplinar que combina ciência e conhecimento, dinâmica colaborativa, criatividade e questões ambientais, explorando as intersecções entre a arte, a tecnologia, a ecologia e a ciência. Um programa a não perder!

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