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CERTAME: “Ci.CLO Bienal
Fotografia do Porto”
Vários espaços
16 Mai > 02 Jul 2019
Arrancou no Porto a Ci.CLO Bienal
Fotografia do Porto, plataforma de criação, debate e reflexão que,
a partir da fotografia e da sua relação transdisciplinar com outros
campos artísticos, se propõem questionar as suas próprias
metodologias e convocar narrativas motivadas por mudanças culturais
e ambientais. Nesta primeira edição do certame, a crise social e
ecológica que o mundo actual enfrenta serve de mote para um conjunto de
dezasseis exposições de cinquenta e três artistas, tendo como
complemento oito oficinas, um simpósio, uma publicação e três
concertos.
Procurando cumprir o programa o mais fielmente possível, dediquei a tarde de um dia de semana para uma visita à Bienal. Foi o juntar do útil ao agradável, já que a ligação
entre os dez espaços visitados implicou um “percurso turístico”
que, em menos de quatro horas, me levou da Casa Tait e dos
Jardins do Palácio de Cristal à Casa do Infante, junto ao Douro.
Começando precisamente pela Casa Tait, a proposta toma o nome de
(Des)Envolvimento e resulta duma parceria entre a Ci.CLO e o Curso de
Comunicação Audiovisual da Escola Artística de Soares dos Reis.
São quatro os artistas aqui representados, dos quais destacaria,
pelo significado e alcance do seu trabalho, Inês Taveira e o seu “EgoEco”,
o egoísmo humano como causa da crise ecológica que atravessamos.
Nos Jardins do Palácio de Cristal, são
dez os criadores que, sob o tema “Adaptação e Transição”, nos
devolvem o seu olhar sobre as mudanças ambientais e ecológicas em
curso e nos deixam uma interrogação: Como viver melhor num planeta
vulnerável que ainda não está morto? Maria Oliveira e João
Gigante apresentam-nos os seus magníficos projectos ao longo da
Avenida das Tílias, Diogo Bento tem igualmente uma interessante
exposição junto à Casa do Roseiral, Cláudio Reis prima pela
originalidade num dos jardins suspensos e Constanze Flamme
oferece-nos um conjunto de propostas fotográficas de grande impacto
pela originalidade dos suportes, sua integração na paisagem e
mensagens ecológicas implícitas. Mas há mais, muito mais para ver
e, portanto, sirva-se de um mapa (há-os espalhados por todo o
espaço) e ponha à prova a sua capacidade de orientação.
O Centro Português de Fotografia é a
próxima paragem, aí podendo apreciar-se “Stories On Earthly
Survival” e “Sixth Nature”, duas exposições que envolvem onze
fotógrafos e que merecem a devida atenção. Destacaria, desde já, a apresentação de imagens de Martin Errichiello e
Filippo Menichetti, a qual vale francamente a pena. Claudius Schulze
traz-nos o “Acordo de Paris” em imagens que dão que pensar, o
mesmo acontecendo com os polacos Ewa Ciechanowska e Artur Ubanski.
Uma pequena caminhada até à Reitoria da Universidade do Porto e
eis-nos perante “Future Scenarios”, uma fabulosa foto-reportagem
de Lena Dobrowolska e Teo Ormond-Skeaping que nos fala do impacto das
alterações climáticas sobre o planeta e sobre aqueles que nele
habitam. Pessoalmente, trata-se do grande momento desta Ci.CLO Bienal
Fotografia do Porto e sobre o qual falarei mais detalhadamente em
crónica separada.
Após uma breve paragem no Palacete dos
Viscondes de Balsemão, onde é possível apreciar uma projecção de
fotografias de Lisa Hoffmann que se debruçam, em última análise,
sobre o ar que respiramos, tempo para apreciar “Surviving
Humanity”, o excelente trabalho de Alberto Giuliani exposto nas
galerias do edifício dos Paços do Concelho e que nos dá conta dos
esforços do homem em garantir a continuidade da espécie, quer
através da crioconservação, quer pela construção de plataformas
habitáveis noutros planetas. Rumando à Ribeira, três paragens
intermédias – Estação de Metro dos Aliados e de S. Bento e
Palácio de Belomonte - levam-nos ao encontro de propostas muito
diferentes entre si, mas todas elas interessantes. Destacaria, neste
último espaço, o trabalho de Raquel Nunes que, num terraço
magnífico, nos oferece um prolongamento espacial da cidade através
do silêncio e nos proporciona uma experiência com tanto de
inesperado como de fascinante. Finalmente, na Casa do Infante, dos
italianos Duae Collective, podemos ver “Besòs: A Noble Ecosystem”,
uma abordagem multidisciplinar que combina ciência e conhecimento,
dinâmica colaborativa, criatividade e questões ambientais,
explorando as intersecções entre a arte, a tecnologia, a ecologia e
a ciência. Um programa a não perder!
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