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quarta-feira, 13 de março de 2019

EXPOSIÇÃO: Escher


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Exposição: Escher
Centro de Congressos da Alfândega do Porto
28 Fev > 28 Jul 2019


“O meu trabalho é um jogo, um jogo muito sério”
Maurits Cornelis Escher


Depois do sucesso da sua passagem por Lisboa, onde registou uma afluência a rondar os 200 mil visitantes, a exposição dedicada ao artista holandês M. C. Escher está agora patente ao público na cidade do Porto, numa produção e organização da Arthemisia, em colaboração com a M. C. Escher Foundation. Com curadoria de Mark Valdhuisen, diretor da M.C. Escher Company, e de Frederico Guidiceandrea, um grande especialista da obra do artista, a exposição engloba 135 trabalhos e traça o percurso criativo deste grande génio visionário que encantou a mente dos cientistas e a fantasia dos artistas gráficos.

Nascido em Leeuwarden, na Holanda, em 1898, Maurits Cornelis Escher orientou os seus estudos na área do Desenho, depois de abandonar a ideia original de seguir Arquitectura. Esquerdino, tal como Miguel Angelo e Leonardo da Vinci, especializou-se no desenho de espaços impossíveis e na criação de ilusões de óptica através do uso da perspectiva, divisão regular do plano, geometria hiperbólica e topologia. O facto de não ter grandes conhecimentos na área da Matemática, levou-o a trocar correspondência com matemáticos, sobretudo ingleses, de forma a aperfeiçoar o seu trabalho. Apreciado como um “artista menor” pelos críticos da época, que viam a sua uma obra como tendo “muito de intelecto e pouco de poesia”, Escher acabaria por se impor graças à sua originalidade e habilidade, deixando uma produção de 448 litografias e xilogravuras e mais de 2 mil desenhos e esboços, além de ilustrações de livros, tapeçarias, selos e murais.

Nos trabalhos agora expostos na Alfândega do Porto podem apreciar-se alguns dos mais importantes esboços enigmáticos e projectos paradoxais deste autor, começando com as suas primeiras gravuras e desenhos realistas inspirados na natureza e paisagens de Itália. A exposição explora aprofundadamente o trabalho de Escher em torno das tesselações e da transformação de figuras que ilustram bem a forma como, combinando fantasia e geometria, a metamorfose se viria a tornar num elemento único na sua arte.

Dos desenhos que ilustram a sua visita a Itália em 1921 aos paradoxos geométricos, passando pelas xilogravuras que ilustram o seu livro sobre a divisão regular do plano, pelas gravuras que condensam a sua visão da estrutura do espaço ou pela representação de superfícies reflectoras, é todo um mundo de fantasias lúdicas e de construções fascinantes que se abre aos olhos do visitante. Para os mais curiosos, há ainda uma secção designada “Eschermania” onde se podem encontrar referências à sua obra em inúmeros trabalhos de artistas contemporâneos, da banda rock Pink Floyd, que recriou o universo infinito na capa do álbum lançado em 1969, aos estilistas Alexander McQueen ou Chanel. Esta é uma exposição que exige ser vista com tempo e uma imensa atenção. É fascinante o que se descobre de novo em cada um dos trabalhos de Escher após uma segunda (e uma terceira e uma quarta) observação. Só o audioguia é de todo dispensável, as variadas explicações muito demoradas e sem acrescentarem o que quer que seja àquilo que os olhos vêem.

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