Páginas

quinta-feira, 14 de março de 2019

CONCERTO: Helena Sarmento



CONCERTO: Helena Sarmento
Casa da Música – Sala 2
12 Mar 2019 | ter | 19:30


O palco da Sala 2 da Casa da Música recebeu, ao final da tarde da passada terça feira, a fadista Helena Sarmento, na apresentação de “Lonjura”, o seu mais recente trabalho. Sob o signo dos afectos, este foi um concerto de homenagem a Joaquim Sarmento, o pai da cantora, com muitos familiares e amigos espalhados pela plateia a marcarem pela emoção um momento tão especial. A reforçar este ambiente intimista e de enorme cumplicidade, um álbum de recordações ia sendo “folheado” com desvelo à medida que a música e a voz fluíam doces e melodiosas, ilustrando a viagem de uma vida que Helena Sarmento fez questão de partilhar com o público.

Repartindo o alinhamento do concerto pelos seus três álbuns – “Fado Azul” (2011), “Fado dos Dias Assim” (2013) e “Lonjura” (2018) -, foi neste último que a cantora se focou mais intensamente, oferecendo um conjunto de temas onde a sensibilidade e autenticidade se passearam de mãos dadas. Foi assim com “Lonjura” ou “Fado Azul (Se Azul Se Atreve)”, dois temas ancorados na tradição mas com um vinco marcadamente pessoal, tal como o foi com o pungente “Fado em Branco”, tema de abertura do álbum ou com o divertido “Fado Jurídico-Criminal”, ambos assentes em poemas preciosos da autoria de João Gigante-Ferreira. E bem assim com temas respigados dos anteriores trabalhos, do “Fado Aritmético” a “A Epopeia do Espumante” ou a “Amor a Caminhar”, um fado que abriu o concerto sob os melhores auspícios.

Extraordinariamente acompanhada em palco por Samuel Cabral na guitarra portuguesa, André Teixeira na viola e Sérgio Marques (Ginho) na viola baixo, Helena Sarmento mostrou a singularidade e versatilidade da sua voz, capaz de cantar com a mesma elegância Amália Rodrigues ou Zeca Afonso. Pela intensidade da interpretação, “Era um Redondo Vocábulo” foi mesmo um dos momentos altos da noite, talvez apenas ultrapassado por “O Bêbedo e a Equilibrista”, uma canção popularizada por Elis Regina ao ritmo do samba e na qual se fundem todas as qualidades do trabalho da cantora: escolha criteriosa das composições, genialidade dos arranjos, um inigualável bom gosto e muita paixão na voz. “Lonjura” é um álbum de consagração e foi muito bom poder escutá-lo assim, emoções à flor da pele, o fado na alma de cada um.

[Foto: facebook.com/helenasarmento/]

Sem comentários:

Enviar um comentário