CINEMA: “Bohemian Rhapsody”
Realização | Brian Singer
Argumento | Anthony McCarten
Fotografia | Newton Thomas Sigel
Montagem | John Ottman
Interpretação | Rami Malek, Lucy
Boynton, Gwilym Lee, Bem Hardy, Joe Mazello, Aidan Gillen, Allen
Leech, Tom Hollander, Mike Myers
Produção | Jim Beach, Graham King
Reino Unido, Estados Unidos | 2018 |
Biografia, Drama, Música | 134 minutos | M/12
UCI Arrábida 20 | Sala 10
11 Mar 2019 | seg | 15:15
“Bohemian Rhapsody” conta a
história dos “Queen”, uma das bandas de rock mais conhecidas de
sempre, abraçando um período que vai de 1970, quando Freddie
Mercury se junta a Bryan May e Roger Taylor, ao dia 13 de Julho de
1985 e a um dos pontos culminantes da banda, com o concerto Live Aid
que reuniu mais de 100.000 pessoas no Estádio de Wembley e alcançou
uma audiência de 1,5 mil milhões de telespectadores no mundo
inteiro. Mas é na figura de Freddie Mercury que o filme se foca,
desde a sua aura de lenda do rock, à polémica vida privada e à
SIDA, a enfermidade que acabaria por vitimá-lo.
O filme conheceu algumas vicissitudes -
a maior das quais foi o despedimento de Brian Singer ainda antes do
final das rodagens, embora venha creditado como o seu realizador - e
talvez por isso surja aos olhos do espectador, no seu todo, como um
objecto algo desconexo. A primeira metade do filme é magnífica, bem
ritmada, a irreverência e extravagância de quem tudo arrisca porque
sabe que nada tem a perder muito bem narrada. Mas logo surgem os
temas pessoais, nalguns casos prolongando-se excessivamente ou
repetindo-se, prejudicando a economia narrativa e retirando qualidade
dramática ao filme. Também as sequências que abordam os excessos –
o sexo, as drogas, as festas – se revelam demasiado superficiais,
mostrando um Brian Singer pouco ambicioso e com medo de ferir a
lenda.
Fraquezas à parte, “Bohemian
Rhapsody” possui duas virtudes inegáveis. Por um lado, a música,
a banda sonora trabalhada com mestria, o concerto de Wembley
constituindo um dos pontos altos do filme. São momentos épicos –
arrepiante a abertura do concerto, Freddie Mercury ao piano a cantar
um excerto do tema “Bohemian Rhapsody” -, nos quais se destacam
as soberbas interpretações de Joe Mazzello, Ben Hardy, Gwilym Lee,
Lucy Boynton ou Aidan Gillen. E depois há Rami Malek, um espectáculo
dentro do próprio espectáculo, uma força da natureza que veste
irrepreensivelmente a pele de Freddy Mercury do primeiro ao último
minuto e que bem merece o Óscar que a Academia de Hollywood, em boa
hora, decidiu atribuir-lhe. Talvez a forma como o filme nos fala da
família ou das questões relativas à lealdade seja um pouco piegas,
mas Malek mostra-se capaz de enfrentar e ultrapassar qualquer
obstáculo. Uma representação verdadeiramente portentosa e que se
destaca num filme que acaba por não ir além do “interessante”.
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