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segunda-feira, 11 de março de 2019

CINEMA: "Bohemian Rhapsody"



CINEMA: “Bohemian Rhapsody”
Realização | Brian Singer
Argumento | Anthony McCarten
Fotografia | Newton Thomas Sigel
Montagem | John Ottman
Interpretação | Rami Malek, Lucy Boynton, Gwilym Lee, Bem Hardy, Joe Mazello, Aidan Gillen, Allen Leech, Tom Hollander, Mike Myers
Produção | Jim Beach, Graham King
Reino Unido, Estados Unidos | 2018 | Biografia, Drama, Música | 134 minutos | M/12
UCI Arrábida 20 | Sala 10
11 Mar 2019 | seg | 15:15


“Bohemian Rhapsody” conta a história dos “Queen”, uma das bandas de rock mais conhecidas de sempre, abraçando um período que vai de 1970, quando Freddie Mercury se junta a Bryan May e Roger Taylor, ao dia 13 de Julho de 1985 e a um dos pontos culminantes da banda, com o concerto Live Aid que reuniu mais de 100.000 pessoas no Estádio de Wembley e alcançou uma audiência de 1,5 mil milhões de telespectadores no mundo inteiro. Mas é na figura de Freddie Mercury que o filme se foca, desde a sua aura de lenda do rock, à polémica vida privada e à SIDA, a enfermidade que acabaria por vitimá-lo.

O filme conheceu algumas vicissitudes - a maior das quais foi o despedimento de Brian Singer ainda antes do final das rodagens, embora venha creditado como o seu realizador - e talvez por isso surja aos olhos do espectador, no seu todo, como um objecto algo desconexo. A primeira metade do filme é magnífica, bem ritmada, a irreverência e extravagância de quem tudo arrisca porque sabe que nada tem a perder muito bem narrada. Mas logo surgem os temas pessoais, nalguns casos prolongando-se excessivamente ou repetindo-se, prejudicando a economia narrativa e retirando qualidade dramática ao filme. Também as sequências que abordam os excessos – o sexo, as drogas, as festas – se revelam demasiado superficiais, mostrando um Brian Singer pouco ambicioso e com medo de ferir a lenda.

Fraquezas à parte, “Bohemian Rhapsody” possui duas virtudes inegáveis. Por um lado, a música, a banda sonora trabalhada com mestria, o concerto de Wembley constituindo um dos pontos altos do filme. São momentos épicos – arrepiante a abertura do concerto, Freddie Mercury ao piano a cantar um excerto do tema “Bohemian Rhapsody” -, nos quais se destacam as soberbas interpretações de Joe Mazzello, Ben Hardy, Gwilym Lee, Lucy Boynton ou Aidan Gillen. E depois há Rami Malek, um espectáculo dentro do próprio espectáculo, uma força da natureza que veste irrepreensivelmente a pele de Freddy Mercury do primeiro ao último minuto e que bem merece o Óscar que a Academia de Hollywood, em boa hora, decidiu atribuir-lhe. Talvez a forma como o filme nos fala da família ou das questões relativas à lealdade seja um pouco piegas, mas Malek mostra-se capaz de enfrentar e ultrapassar qualquer obstáculo. Uma representação verdadeiramente portentosa e que se destaca num filme que acaba por não ir além do “interessante”.

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