EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA:
“Histórias sem Regresso”,
de Eduardo Brito
Museu Júlio Dinis – Uma Casa
Ovarense
22 Set 2018 > 04 Jan 2019
Uma baliza de futebol enferrujada em cima do areal, a carcaça de um moliceiro, as imagens esbatidas de
várias modalidades olímpicas pintadas nos muros, um homem que parece aguardar junto a
um cais deserto, um carreiro de terra batida que se dirige a lado nenhum... É
assim “Histórias sem Regresso”, exposição de fotografia de
Eduardo Brito que representa, para o seu autor, “um ponto de paragem num caminho de Finisterras”, e que hoje mesmo chegou ao fim no Museu Júlio Dinis –
Uma Casa Ovarense.
Assente numa geografia precisa e que
nos é particularmente familiar (S. Jacinto, a estrada da Ria ou o Cais da Ribeira
são aqui facilmente identificáveis), Eduardo Brito parece ter a
intenção de contar uma história. Ou, quem sabe, propor ao
espectador que seja ele a compor a “sua” história, cada imagem
funcionando como uma pista. Há, no autor, um olhar claramente cinematográfico que pauta o conjunto do material exposto, a máquina fotográfica
como uma câmara de filmar, um enorme rigor nos enquadramentos, cada
imagem como a primeira de milhares de outras a correrem à velocidade
de vinte e quatro fotogramas por segundo. Reforçando esta ideia, há
pessoas que invadem o campo de algumas das imagens, como se de
actores se tratasse. Quem são e o que fazem ali? Que memórias
convocam?
Aceitar a(s) proposta(s) do artista
pode resultar numa experiência sensorial deveras interessante. O
corpo desconfortável, atravessado pelo frio duma tarde chuvisquenta no Muranzel,
o olhar que se estende para lá dos pontões do Cais da Pedra, o cheiro da
maré vaza junto ao Areinho, o som longínquo da torre da Igreja do Torrão do Lameiro
a dar as seis da tarde ou o toque duma mão que se aperta como se não
houvesse amanhã, são o resultado deste diálogo entre o real e o
imaginário, que a arte de Eduardo Brito tão bem promove.
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