CONCERTO: Miguel Araujo e Tiago
Nacarato
Cine-Teatro de Estarreja
24 Nov 2018 | sab | 21:30
Estou convencido que a “família” da música portuguesa
será suficientemente restrita para que todos se conheçam a todos. E se nuns casos as afinidades são mínimas, resultando num natural “virar de costas”, noutros verifica-se uma total empatia entre os músicos
e os respectivos projectos, daí resultando trabalhos em conjunto deveras
interessantes, a merecer a atenção e aclamação do grande público. Terá sido
esta a base do concerto que juntou no palco do Cine-Teatro de
Estarreja, na noite do passado sábado, Miguel Araújo e Tiago
Nacarato. Ao facto de serem quase vizinhos e de terem frequentado a
mesma escola, embora com mais de uma década de vida a separá-los,
junta-se a admiração que sentem pelo trabalho um do outro e o
prazer em tocarem juntos. Daí este concerto que se pretendeu
intimista e, sobretudo, de partilha de interesses, estendendo-se a
uma sala completamente lotada e que foi convidada a participar
activamente mediante pedido das músicas que mais gostaria de ouvir.
“Tempo”, o segundo single daquele
que será o álbum de estreia de Tiago Nacarato, com edição
prevista para 2019, marcou de forma feliz o
início do concerto, com a dupla a mostrar-se em grande forma e a
interpretar, sentidamente, esta balada que fala de um homem que
reconhece não ser o melhor partido para a mulher e, “antes que o
apego se apegue ainda mais”, a aconselha a buscar a felicidade
noutra pessoa. A partir daqui, porém, esgotaram-se praticamente as
surpresas. “Sampa” de Caetano Veloso, “No Rancho Fundo” de
Ary Barroso, “Reader’s Digest” e “José”, ambas de Miguel
Araújo, remeteram de forma clara para os concertos que Miguel Araújo
e António Zambujo deram em 2016 e que esgotaram os Coliseus de
Lisboa e do Porto ao longo de 28 apoteóticas noites. Mas a sensação
de “déjà-vu” viria a adensar-se em mais uma mão cheia de
músicas, sobretudo para aqueles que marcaram presença no Coliseu do
Porto no “Cidade Grande Ao Vivo” ou que, em algum momento da
digressão de “Giesta” (2017), tiveram a oportunidade de escutar Miguel Araújo em palco. Sobretudo esses
perceberam que, em Estarreja, faltou o piano a “Ai Margarida”,
faltaram Os Kappas a “Like a Rolling Stone”, faltou Ana Moura a
“E Tu Gostavas de Mim” e faltou António Zambujo ao “Pica do
7”.
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