PALESTRA-RECITAL: “On Playing
Mozart”,
por Alfred Brendel
Casa da Música, Porto
21 Out 2018 | dom | 18:00
Casa da Música, Porto
21 Out 2018 | dom | 18:00
“On Playing Mozart” foi apresentado ao público como uma palestra-recital. Ancorado na prestigiada figura de Alfred Brendel – um regresso ao palco onde inaugurou a primeira temporada de piano da Casa da Música, em 2005 -, o programa prometia a visão e os conselhos de um célebre intérprete de Mozart sobre a obra de um compositor genial que marcou o classicismo vienense, tudo isto complementado com os vários apontamentos pianísticos que sustentariam as ideias de Brendel. E é aqui que as coisas se complicam, primeiro porque a prédica não era para todos os públicos, exigindo um conhecimento prévio da obra de Mozart e das múltiplas formas como pode ser interpretada, e depois porque os (poucos) acordes tocados ao piano não foram além da mera ilustração, parecendo-me abusivo aplicar-lhe o termo de “recital” com que foi anunciado.
Foi tempo perdido? Certamente que não,
pelo menos não totalmente. Brendel provou que Mozart não era um
hippie, embora os seus contemporâneos achassem os seus contrastes
desagradáveis e as contradições desnecessárias. Embora
extravagante, era extremamente dotado e podemos considerá-lo um
compositor “cantabile”, que fazia o piano cantar. Mas depois vêm
questões relativas à notação, até que ponto deve ser
literalmente interpretada, ou de que forma se comparam as suas poucas
obras em tons menores com as muitas em tons maiores, ou da segunda nota tocada mais suavemente que a primeira, ainda os
tempos 6/4 ou a K. 545, K. 589 ou K. 570 que toda a gente devia conhecer
mas que só alguns conheceriam, o interesse a ceder rapidamente lugar
ao tédio. A rematar, diria que pôr duas peças a tocar no
“giradiscos” durante largos minutos só ajudou a fazer crescer na ideia a palavra “logro”.
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