Estarrejazz 2018
Cine-Teatro de Estarreja
04 Out 2018 | qui | 21:30
Foi ao tom da música de Carlos Paredes
que arrancou o Estarrejazz 2018, a cumprir este ano a sua 13ª
edição. Em palco, o Quinteto de Bernardo Moreira homenageou o mais
notável guitarrista da história da música portuguesa, um dos raros
vultos a recolher a unanimidade de opiniões e a ser reconhecido como
um génio. Uma homenagem que foi, acima de tudo, a revisitação
dum músico muito querido a Bernardo Moreira e um regresso, quinze
anos depois, ao universo de “Ao Paredes Confesso”, disco que
ocupa um lugar deveras importante na história do jazz em Portugal.
Com Tomás Marques no saxofone, Gonçalo
Neto na guitarra, o mano João Moreira no trompete e João Pereira na
bateria, Bernardo Moreira optou por um alinhamento onde privilegiou
as mais conhecidas de Paredes, “Mudar de Vida” servindo de ponto
de partida a uma viagem simbiótica entre dois universos riquíssimos.
Temas como, “Canto do Amanhecer”, “Sede e Morte”, o
lindíssimo “Dança dos Montanheses” ou “Variações sobre uma
Dança Popular”, que encerrou o concerto, puseram à prova o
quinteto no seu todo, fazendo sobressair a qualidade individual dos
seus elementos, os solos inspirados a sucederem-se e a mostrarem a
versatilidade do Jazz num universo tão próprio quanto o de Paredes.
“António Marinheiro” constituiu outro dos grandes momentos do
concerto, mas foi com “Verdes Anos” - dialogo intenso e
inebriante entre a guitarra de Gonçalo Neto e o contrabaixo de
Bernardo Moreira - que a beleza e emoção atingiram o zénite.
Tratou-se de um concerto intimista, reforçado
pelo cuidado extremo no fraseado dos metais – chapelada para o
rigor e maturidade do muito jovem Tomás Marques, a “jogar em casa”
-, a homegeneidade tímbrica a criar um envolvimento muito especial
com a genialidade de Paredes e a conferir ao concerto um carácter
próximo de um contexto popular. A isto respondeu o (pouco) público
com entusiásticos aplausos, o corpo em movimento, a pulsação clara
e enérgica a verter-se do palco para a plateia, uma viagem sonora
feita de deslumbramento e deleite. Daquelas que apetece eternizar!
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