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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

CONCERTO: Quinteto Bernardo Moreira | Entre Paredes



CONCERTO: Quinteto Bernardo Moreira | Entre Paredes
Estarrejazz 2018
Cine-Teatro de Estarreja
04 Out 2018 | qui | 21:30


Foi ao tom da música de Carlos Paredes que arrancou o Estarrejazz 2018, a cumprir este ano a sua 13ª edição. Em palco, o Quinteto de Bernardo Moreira homenageou o mais notável guitarrista da história da música portuguesa, um dos raros vultos a recolher a unanimidade de opiniões e a ser reconhecido como um génio. Uma homenagem que foi, acima de tudo, a revisitação dum músico muito querido a Bernardo Moreira e um regresso, quinze anos depois, ao universo de “Ao Paredes Confesso”, disco que ocupa um lugar deveras importante na história do jazz em Portugal.

Com Tomás Marques no saxofone, Gonçalo Neto na guitarra, o mano João Moreira no trompete e João Pereira na bateria, Bernardo Moreira optou por um alinhamento onde privilegiou as mais conhecidas de Paredes, “Mudar de Vida” servindo de ponto de partida a uma viagem simbiótica entre dois universos riquíssimos. Temas como, “Canto do Amanhecer”, “Sede e Morte”, o lindíssimo “Dança dos Montanheses” ou “Variações sobre uma Dança Popular”, que encerrou o concerto, puseram à prova o quinteto no seu todo, fazendo sobressair a qualidade individual dos seus elementos, os solos inspirados a sucederem-se e a mostrarem a versatilidade do Jazz num universo tão próprio quanto o de Paredes. “António Marinheiro” constituiu outro dos grandes momentos do concerto, mas foi com “Verdes Anos” - dialogo intenso e inebriante entre a guitarra de Gonçalo Neto e o contrabaixo de Bernardo Moreira - que a beleza e emoção atingiram o zénite.

Tratou-se de um concerto intimista, reforçado pelo cuidado extremo no fraseado dos metais – chapelada para o rigor e maturidade do muito jovem Tomás Marques, a “jogar em casa” -, a homegeneidade tímbrica a criar um envolvimento muito especial com a genialidade de Paredes e a conferir ao concerto um carácter próximo de um contexto popular. A isto respondeu o (pouco) público com entusiásticos aplausos, o corpo em movimento, a pulsação clara e enérgica a verter-se do palco para a plateia, uma viagem sonora feita de deslumbramento e deleite. Daquelas que apetece eternizar!

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