Páginas

domingo, 23 de setembro de 2018

CERTAME: Festival de Arte Urbana ESTAU | Estarreja


[Clicar na imagem para ver mais fotos]

CERTAME: Festival de Arte Urbana ESTAU | Estarreja
Estarreja
21 Set 2018 | sex | 16:30


Cumprida que está a terceira edição do Festival de Arte Urbana ESTAU | Estarreja, o que ocorre dizer, no imediato, é que a cidade, depois duma semana de actividade intensa, está ainda mais viva e mais bela, as pessoas mais próximas entre si e da sua própria identidade cultural e a arte mais presente, afirmando-se no seu desígnio fundamental de transmitir e exprimir ideias e emoções. Foi esta a realidade constatada na tarde da passada sexta feira, no âmbito duma Visita Guiada orientada pela curadora do Festival, Lara Seixo Rodrigues, e que levou os participantes ao encontro da história do certame e das peças que testemunham três anos de muita paixão... e uma boa dose de loucura.

Partindo da peça icónica de Bordalo II para o Observa Ria 2015, os participantes nesta visita foram convidados a recordar Kruella d'Enfer, Bosoletti, Fintan McGee, Isaac Cordal, os Half Studio, Nespoon, os Bicicleta Sem Freio ou o resultado do projecto Lata 65, marcos fundamentais das duas anteriores edições e que, de forma clara, vêm contribuindo fortemente para mudar a face da cidade. Em plena Praça Francisco Barbosa, pendendo de uma das varandas da Câmara Municipal, foi possível apreciar a primeira peça da presente edição, “Estau És Tu”, resultado da acção orientada por Aheneah e que se pode resumir como uma manta de retalhos onde cabem os testemunhos das pessoas anónimas que por aqui foram passando e deixando as suas impressões sobre o Festival. Ainda na Praça e em artérias adjacentes, as montras do comércio local enchem-se de ditados e expressões populares próprias desta região, num trabalho apurado de branding design com a assinatura do Xesta Studio.

Passando às peças mais impactantes, Marina Capdevilla oferece-nos um olhar irónico sobre a forma como o homem continua a destruir a natureza mas parece comprazer-se nisso. Trata-se dum mural de grandes dimensões, com um colorido muito forte e a particularidade de apresentar aquilo que parece um donut no lugar duma bóia, certamente influência do aroma que se desprende da Pastelaria Bolivar, ali tão perto. Regg Salgado inspirou-se em duas fotografias do vasto espólio de Egas Moniz e trabalhou também num mural de grandes dimensões que dividiu em duas partes, a inferior retratando os sobrinhos-netos do Prémio Nobel da Medicina na Quinta do Marinheiro e a superior testemunhando uma festa dada pelo cientista na altura da sua distinção. Pela extraordinária dimensão, a peça de Millo, um italiano de Mesagne é das mais impactantes, mas também pela mensagem implícita, a de que compete ao homem actuar sobre o cinzentismo das nossas cidades e enchê-las de cor. TheCaver tem para nos oferecer um mural bastante estilizado, onde o cultivo do arroz e toda uma indústria constituem o tema fulcral. Finalmente, Add Fuel volta a reinterpretar a linguagem do tradicional azulejo português, oferecendo-nos uma peça lindíssima de cor e harmonia.

Mas porque este não é apenas um “festival de murais”, a cultura, o território, o património, a gastronomia e as mais variadas expressões artísticas marcaram presença no ESTAU 2018. Das instalações e residências artísticas, aos workshops, conversas, cinema, música, dança, performance, circo contemporâneo, o mostruário – espécie de feira temática que reúne artistas, editoras, escritores, cineastas, cantores, instagramers e adeptos do erro – e ainda uma exposição de fotografia, de Miguel Oliveira, que estará patente até ao dia 30 de Setembro e merece toda a atenção, de tudo um pouco foi possível ver, ouvir e sentir nesta terceira edição do ESTAU. Tudo motivos de sobra para olharmos para Estarreja e para o ESTAU como um Festival que é um espectáculo. Uma palavra, em particular, para Lara Seixo Rodrigues, uma sonhadora e uma lutadora, que tem depositado na cidade muito dos seus sonhos, dedicação e energia e a quem a cidade deve estar eternamente reconhecida. E agora é tempo de voltar a Estarreja - sempre! - e de saborear, de forma integrada, o conjunto de três dezenas de peças que fazem da cidade um museu a céu aberto. Boas visitas!

Sem comentários:

Enviar um comentário