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domingo, 23 de setembro de 2018

EXPOSIÇÃO: "Sem Mensagens"


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EXPOSIÇÃO: “Sem Mensagens”,
de Alexandra de Pinho
DaVinci Art Gallery, Porto
22 Set > 27 Out 2018


Depois duma extraordinária jornada no Luxemburgo, onde apresentou o seu trabalho no âmbito do Luxembourg Art Prize 2017 e do reconhecimento da publicação Portuguese Emerging Art 2018, Alexandra de Pinho volta a expor, desta vez na DaVinci Art Gallery, no Porto. Com ela traz, uma vez mais, uma mostra de desenhos cosidos de vários envelopes, “uma sucessão de sobrescritos, uns mais comuns que outros, com selos, carimbos e marcas diversas que atestam o seu percurso e desvios, abertos, rasgados, alguns quase despidos, assumidamente desprovidos dos seus comentários”, para usar as palavras da artista.

Perante entregas especiais, cartas dispersas, evidências da censura, desabafos, manifestos, postais do mundo ou correspondência vária, de novo o encantamento. Os trabalhos de Alexandra de Pinho, estas cartas que ligam pessoas, que carregam em si pedaços de vidas e concentram todas as emoções do mundo, são testemunhos vivos da nossa própria existência. São poderosos detonadores, a memória de súbito desperta, a mente a viajar célere naquilo que fomos, naquilo que somos, recuperando cheiros e cores, texturas e sussurros, o sal das lágrimas, os sentidos amalgamados num frémito de desejo e êxtase. É esta a arte de Alexandra de Pinho, essa enorme delicadeza na forma como cose emoções e como dirige a sua mensagem menos à razão e mais ao coração.

“Regressando à terra”, acrescentaria que há uma notória evolução no trabalho da artista, tanto na complexidade das composições como nas mensagens que, subliminarmente, pretende passar (e não, não é verdade que não existam aqui mensagens, como o título da exposição parece fazer supor). Olhando com atenção cada um dos sobrescritos, vamos tropeçando em palavras como “censura” ou “prisioneiro de guerra”, “Cruz Vermelha” ou “solidariedade”, os tempos de outrora sendo os tempos de sempre neste mundo todo, composto de mudança. As cartas serão, cada vez mais, uma curiosidade artística ou sentimental, guardadas numa delicada lata de folha, no fundo da arca ao canto do sótão. Mas as inquietações, essas, permanecem. E a arte aí está, vigilante e inquiridora, a denunciar a intolerância e a verter nas consciências sementes de paixão e liberdade!

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