Páginas

terça-feira, 14 de agosto de 2018

ESPAÇOS: Collection de l'Art Brut, Lausanne


[Clicar na imagem para ver mais fotos]

ESPAÇOS: Collection de l'Art Brut
11, av. des Bergières CH – 1004 Lausanne
Visitas | de Terça a Domingo, das 11h00 às 18h00; aberto às Segundas nos meses de Julho e Agosto
Ingresso | Adultos 10,00 CHF; Estudantes 5,00 CHF; entrada gratuita no primeiro sábado de cada mês


"Sob esta designação [Arte Bruta] falamos de obras executadas por pessoas não contaminadas pela cultura artística, nas quais, portanto, o mimetismo, ao contrário do que acontece entre os intelectuais, tem pouca ou nenhuma participação, de modo que seus autores estabelecem tudo (temas, escolha de materiais utilizados, meios de transposição, ritmos, formas de escrita, etc.) a partir da sua própria formação e não por intermédio de clichés de arte clássica ou de arte da moda. Aqui assistimos à operação artística pura, crua, reinventada em todas as suas fases pelo autor, a partir dos seus próprios impulsos. Arte, portanto, na qual a única manifestação é a invenção, e não aquelas, constantes na arte cultural, do camaleão e do macaco”.

É ao pintor francês Jean Dubuffet (1901 – 1985) que se deve o conceito de Arte Bruta, definida por ele próprio no parágrafo acima. Baseada em características sociais e peculiaridades estéticas, a Arte Bruta é o produto de criadores autodidactas, marginalizados pelo seu espírito rebelde ou impermeáveis a normas e valores colectivos, projectando um universo para seu próprio uso, sem a necessidade de reconhecimento ou aprovação por parte do público. Utilizando meios e materiais geralmente inéditos, os seus trabalhos são livres de influências da tradição artística e implementam modos de figuração singular.

Em busca de uma arte livre do condicionamento cultural e social, convencido da fecundidade criativa da loucura, Dubuffet desenvolve, a partir de 1945, um esforço de recolha e inventariação que lhe permite iniciar uma colecção de objectos criados por residentes em hospitais psiquiátricos, prisioneiros, indivíduos solitários ou, de alguma forma, excluídos. Ele percebeu nessa criação marginal, uma “operação artística pura, crua, reinventada em todas as suas fases pelo autor, partindo apenas de seus próprios impulsos”. Em 1964, dá inicio à publicação dos folhetos Art Brut, cujos primeiros oito títulos ele próprio escreve e cuja publicação continua até hoje. Em 1971, o pintor doou a sua colecção à cidade de Lausanne, num total de 5000 obras de 133 criadores. A Collection de l'Art Brut está aberta ao público desde 26 de Fevereiro de 1976 e é uma verdadeira referência no circuito cultural europeu.

Primeiro museu de Arte Bruta do mundo, a Collection de l'Art Brut estabeleceu fortes laços com as instituições matrizes dedicadas a essa forma de expressão fora das normas, com elas desenvolvendo uma rede de trocas, emulação e colaboração. Desde a sua criação, a Collection de l'Art Brut tem trabalhado intensamente para o reconhecimento da Arte Bruta mediante um considerável enriquecimento das colecções, a realização de quase 100 exposições temporárias monográficas ou temáticas de referência, a publicação de mais de 60 catálogos ou monografias, a realização de documentários e a colaboração com instituições, a nível nacional e internacional, através do empréstimo de obras. O museu possui agora um espólio de mais de 70.000 obras de 1000 autores e cerca de 700 obras estão permanentemente expostas nas salas do Château de Beaulieu, dispostas em quatro andares para acomodar as criações dos autores nas suas colecções.

Sem comentários:

Enviar um comentário