CONCERTO: “Sons da Água”
Praia Fluvial da Paradinha, Arouca
25 Ago 2018 | sab | 19:00
Para a sua 10ª edição, os “Sons da
Água” voltaram à Aldeia da Paradinha, em Alvarenga, Arouca, um
espaço imensamente belo, de paz e espiritualidade,
encaixado num vale profundo por onde correm, rumorejantes, as águas
do Rio Paiva. Tendo como objectivo principal a sensibilização
ambiental, o evento contou com a organização da MALONG –
Associação Cultural e da Câmara Municipal de Arouca, com o apoio
da Junta de Freguesia de Alvarenga, propondo, às largas centenas de
pessoas que preencheram por inteiro o recinto da Praia Fluvial, um
programa com todos os ingredientes para agradar até ao mais exigente
melómano.
Com o maestro arouquense António Costa
à frente da Orquestra Clássica Invicta, o programa arrancou com a
Abertura de “As Bodas de Fígaro”, de Mozart, uma nota de alegria
e boa disposição a dar o mote a um Concerto que se viria a reger
por tão excelentes princípios. O Canto Lírico foi predominante ao
longo de toda a primeira parte do Concerto, com a soprano Cecília
Rodrigues a encarnar, sucessivamente, Norina (“Quel guardo, il
cavaliere”, Don Pasquale), Gilda (“Caro nome”, Rigoletto),
Despina “Una donna a quindici anni”, Cosi Fan Tutte), Musetta
(“Quando m'en vo”, La Bohème) e Rosina (“Una Voce Poco Fa”,
O Barbeiro de Sevilha), em árias incontornáveis do repertório operático,
com elas oferecendo preciosos apontamentos de Donizetti, Verdi,
Mozart, Puccini e Gioacchino Rossini. Foram momentos sublimes, de
encantamento e deleite, Cecília Rodrigues divina na doçura do canto
e na graciosidade do gesto a provar que os clássicos – e, em
particular, a Ópera -, são de hoje e de sempre, são de todos e
para todos.
A segunda parte do Concerto transportou
os presentes aos ambientes requintados dos salões de baile de Viena,
Johann Strauss e as suas valsas e polkas a pedirem ao público passos
de dança e palmas a compasso. “Danúbio Azul” foi, sem surpresa,
a grande peça deste período intermédio, estreitando num abraço as
águas do segundo rio mais longo da Europa com aquelas, cristalinas,
do Paiva, ali aos nossos pés. “Musica para os reais
fogos-de-artifício”, de Georg Friedrich Händel, encerrou o
programa, o ambiente tranquilo e de imensa felicidade reforçado por
esta música alegre e de celebração - uma encomenda do rei George
II para a cerimónia de assinatura do tratado de Aix-la-Chapelle que
pôs termo à Guerra de Sucessão Austríaca (1740-1748), estreada a
27 de Abril de 1749 no Green Park de Londres com uma sessão de
fogo-de-artifício. Talvez fosse de pedir um bocadinho mais de força aos metais, tal a intensidade da obra, mas a jovem orquestra esteve à altura do
programa e o sentimento geral, findo o concerto, só podia ser de
regozijo. Nota ainda para o “encore”, a incontornável “Marcha
Radetzky”, de Johann Strauss, tocada a preceito e que, merecedora duma calorosa e ruidosa ovação, pôs fim a duas horas memoráveis.
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