CONCERTO: Rubel
Biblioteca Municipal José Marmelo e
Silva, Espinho
Festival Oito24
18 Ago 2018 | sab | 16:00
O verdejante e acolhedor espaço do
jardim interior da Biblioteca Municipal José Marmelo e Silva, em
Espinho, mostrou-se curto para as mais de duas centenas de pessoas
que fizeram questão de “assinar o ponto” no derradeiro dia do
Festival Oito24. Em palco, sozinho com a sua viola, Rubel veio
contar-nos uma história. Ou várias histórias, se assim o
quisermos, oferecendo uma tarde inspirada, sussurrada, intimista, com
a sua música dolente e as suas palavras feitas de ternura e
delicadeza. Do lado da plateia, abraçando o cantor num gesto de
partilha e cumplicidade, o público desfrutou de momentos de enorme
beleza musical, deixando-se embalar pelos acordes suaves e pela
poesia vivida e sentida, como quem se entrega nas asas do vento,
vogando no mar calmo da felicidade.
Numa breve tournée em solo nacional
para a promoção do seu segundo álbum, “Casas” (2018), o cantor
carioca começou por dar a conhecer “Sapato”, logo aí se
percebendo um gosto muito particular pelos ritmos brasileiros em torno da MPB, do samba e da bossa nova, para além de um cuidado especial posto nas
letras - “Depois a gente apaga o estomago / depois a gente corre
p'ra pedir socorro / mas hoje a noite espera p'ra girar com o mundo”. Esta ideia saiu reforçada com “Dindi” e “Tristeza”, revisitação de duas das suas
referências essenciais, Tom Jobim e Elis Regina, para logo se cantar
“Casquinha”, Rubel a confessar seus maiores defeitos – ficar nervoso, amar
demais e desafinar (!) – e a pedir perdão: “Deixa / Que o canto
saia ruim / Desde que venha do coração”. Com uma grande dose de
intimidade, “Cachorro” e “Mantra” voltaram a ser confissões
duma certa forma de estar perante a vida, precedendo “Ben”, do
álbum de estreia do cantor (“Pearl”, 2013), letra e música
escritas para o seu sobrinho, então com dois anos de idade, muito
amor e alguns conselhos à mistura numa narrativa divertida e
ternurenta.
O concerto caminha para o final e Rubel
regressa aos “mestres”, homenageando desta vez Seu Jorge com a
interpretação de “Pretinha”. Do primeiro álbum, o cantor
interpretou então “O Velho e o Mar” - “Lança o barco contra o
mar / venha o vento que houver / e se puder, voa” - e, logo de
seguida, “Pinguim”, “a mente forte de um jedi / a cuca fresca
de um pinguim / os olhos virgens da criança / e a flor de uma
mulher”. Para o final estavam guardadas as duas canções mais
conhecidas de Rubel, o público a entoar o refrão de “Partilhar”
- “Eu quero partilhar / a vida boa com você” - e a acompanhar
com gosto e muito querer “Quando Bate Aquela Saudade”, do álbum
“Pearl”, uma verdadeira pérola no seio da música que se faz do
lado de lá do Atlântico. Um “encore” meio apressado fez-nos
recuar a Jorge Ben e a 1963 com o seu “Mas Que Nada”, mas
realmente aquilo que fica no ouvido e enche o coração são as
palavras bonitas duma declaração de amor como “Olha bem, mulher /
eu vou te ser sincero / eu tô com uma vontade danada / de te
entregar todos beijos que eu não te dei /e eu tô com uma saudade
apertada de ir dormir bem cansado / e de acordar do teu lado pra te
dizer / que eu te amo / que eu te amo demais”. Como uma saudade que
bate forte!
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