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sábado, 14 de julho de 2018

CONCERTO: Sopa de Pedra


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CONCERTO: Sopa de Pedra
FESTA 2018
Parque Urbano de Ovar
14 Jul 2018 | sab | 18:00


Garantia-se que era um dos segredos mais bem guardados da música portuguesa e isso só fazia crescer a minha ansiedade à medida que o tempo se arrastava. A verdade é que nunca antes se tinha proporcionado ouvi-las e a oportunidade surgiu hoje mesmo, pela tardinha, no verde espaço do Parque Urbano de Ovar e no âmbito do FESTA 2018. Embora sem a “receita” original de dez elementos, as Sopa de Pedra subiram ao Palco Rio com um septeto de vozes para um concerto envolvente, a sua música interpretada de forma imaculada ao encontro das sonoridades do Alentejo ou de Trás os Montes, da Beira Baixa ou dos Açores.

Espalhando o alinhamento do concerto ao longo de dezasseis temas (um deles repetido no encore final), o grupo fez incidir a sua atenção nas músicas que compõem o álbum “Ao Longe Já Se Ouvia”, recuperando um conjunto de pérolas da música popular portuguesa e acrescentando-lhe adornos e harmonias com a doçura das suas incríveis vozes. A temas que nos são tão queridos como “Os Bravos”, “Ó Minha Amora Madura”, “Adeus Ó Serra da Lapa”, “Cantiga da Ceifa”, “Cantiga de La Segada” ou “Maçadeiras do Meu Linho”, acrescentaram as Sopa de Pedra “Cantiga Sem Maneiras”, “À Nave” ou “É Hora do Sol Pôr”, desta forma rendendo homenagem aos intemporais Zeca Afonso, José Mário Branco, Amélia Muge, Grupo de Acção Cultural, João Lóio, Capagrilos ou Almanaque e ainda a Michel Giacometti, Fernando Lopes Graça ou Ti Chitas.

“O Maria / vem cá ver o céu de madrugada / vem cá ver o sol de manhãzinha // não ponhas o lenço à cabeça / desta fonte bebemos água fria // subiremos descalços este monte / dançaremos os dois até ser dia”. À construção poética e ao imaginário popular das músicas assim cantadas a capella, juntam as Sopa de Pedra as suas vozes poderosas, com um fôlego espantoso e uma harmonia de cortar a respiração. Foi uma hora de concerto que passou num ápice, a música a fluir livremente, tal como as águas do Cáster onde o palco assentava. É imperioso continuar a seguir este grupo e o seu trabalho. Batida, ritmada, efusiva ou mais recatada e intimista, a sua música é um manancial de água fresca que purifica os sentidos e conforta a alma.

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