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sábado, 28 de julho de 2018

CONCERTO: Orquestra de Jazz de Matosinhos e Sérgio Godinho



CONCERTO: Orquestra de Jazz de Matosinhos e Sérgio Godinho
Festival Matosinhos em Jazz
Praça Guilhermina Suggia, Matosinhos
27 Jul 2018 | sex | 22:00


Com o grande espectáculo da “lua de sangue” – o mais longo eclipse lunar do século – ainda na retina de todos, a Orquestra de Jazz de Matosinhos subiu ao palco montado no centro desse fantástico anfiteatro natural que é a Praça Guilhermina Suggia, em Matosinhos, trazendo com ela um convidado muito especial. De novo com a Orquestra, mas desta vez a “jogar em casa”, o intemporal Sérgio Godinho juntou a sua música e os seus poemas aos arranjos de Pedro Guedes, Carlos Azevedo e Telmo Marques, para um concerto que se prolongou por quase duas horas e que teve momentos de absoluto brilhantismo.

Com “Cuidado com as Imitações” no arranque - a história bem contada de Casimiro Baltazar da Conceição, um homem que “era tudo menos burro / E tinha um nariz que parecia um elefante” - estava dado o mote para a grande festa. Seguiram-se “Bomba-Relógio", com José Pedro Coelho a brilhar no saxofone-tenor, e “O Acesso Bloqueado”, agora com José Miguel Moreira na guitarra a revelar-se o complemento perfeito dum arranjo único. “Arranja-me um Emprego” precedeu o clássico “Etelvina”, o trompete de Ricardo Formoso a sublinhar a magia do poema. “É Terça Feira”, “O Porto Aqui Tão Perto” ou “O Carteiro”, de António Mafra, intercalaram com “Grão da Mesma Mó”, do novíssimo “Nação Valente” ou “Maré Alta”, o tema que fecha “Os Sobreviventes” (1972), o primeiro álbum do cantor.


Já na segunda metade do concerto, “Espalhem a Notícia” foi um momento único - “eu vou ao fundo do mar no corpo de uma mulher bonita” -, o fabuloso arranjo orquestral a realçar o enorme potencial jazzístico deste tema, devidamente sublinhado pelo extraordinário solo de saxofone-alto de João Guimarães. Dedicado a todos os refugiados e emigrados deste mundo, “Domingo no Mundo” foi outro enorme momento, ao qual se seguiu outro clássico intemporal, “Liberdade”, “a paz, o pão, habitação, saúde e educação” cantado por todos a plenos pulmões. Em “O Coro das Velhas” foi a vez dos metais imporem a sua força, tudo a terminar com “O Primeiro Dia” e “É Tão Bom”, os incontornáveis Carlos Azevedo no piano e José Carlos Barbosa no contrabaixo numa demonstração de genialidade. Perante os insistentes aplausos dum público totalmente rendido, a Orquestra e Sérgio Godinho ainda viriam duas vezes ao palco, primeiro “Com Um Brilhozinho nos Olhos” e, uma vez mais, com “Cuidado com as Imitações”. Noite única, noite mágica em Matosinhos. Foi tão bom!


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