CERTAME: Serralves em Festa 2018
Museu
de Arte Contemporânea, Casa e Parque de Serralves01 Jun > 03 Jun 2018
O Serralves em Festa regressou no passado fim de semana para celebrar 15 anos daquele que é hoje o maior evento da cultura contemporânea em Portugal e um dos maiores da Europa. Adoptando o tema “Transpor Fronteiras”, a edição deste ano voltou a oferecer 50 horas ininterruptas de festa, integrando propostas reveladoras da interacção entre as artes visuais e as artes performativas em áreas tão diversas como a Música, Dança, Performance, Circo Contemporâneo, Teatro, Cinema, Vídeo e Fotografia, entre outras. Visitas, exposições, inúmeros workshops, um mercado em Festa, uma feira da Festa, uma feira do livro e diversificados espaços de restauração, completaram a oferta dum fim-de-semana único no qual marcaram presença mais de 300.000 pessoas.
Ainda os ecos da primeira noite se faziam sentir e já
os catalães da companhia La Industrial Teatrera representavam “De
Paso”, ante um público maioritariamente infantil, oferecendo um
divertido e poético ensaio, em forma de teatro e circo, sobre a
circularidade da vida. O circo, na sua versão mais clownesca,
voltaria a estar em evidência ainda antes do almoço com a peça
“The Melting Pot Pourri”, levada ao palco pela companhia “Los
Excentricos”. Nela, Marceline, Sylvestre e Zaza formam um trio de
palhaços atípicos e particularmente divertidos que, ora encarnam
uma diva desafinada ou um homem de três pernas, ora se debatem com
um aspirador de pó endoidecido ou transformam uma serra, uma
vassoura ou uma luva em instrumentos musicais. Pelo meio, tempo para
apreciar a Orquestra de Jazz de Espinho que, com o solista João
Moreira, ofereceu “Horns Ahead” ao público presente na quadra de
ténis, um excelente concerto de Jazz em torno desse instrumento
maior que é o Trompete e sobre o qual falarei em detalhe noutro
espaço deste Blogue.
Mais três concertos no período da
tarde, o primeiro dos quais de Ballaké Sissoko, um virtuoso da kora,
instrumento musical composto por 21 cordas e do qual se desprendem
sonoridades suaves e envolventes. Em Serralves, o mestre
apresentou-se em palco rodeado por cinco dos seus discípulos no
naipe instrumental, acompanhados de quatro vozes, oferecendo ao
público momentos que atestaram o seu talento de melodista e
improvisador, bem como a riqueza e beleza da música do Mali. João
Barradas, acordeonista e um nome de créditos firmados na cena
jazzística nacional, trouxe-nos o projecto “Home”, um sexteto
cuja música se desdobra entre o livre improviso e o rock e que se
traduz por uma enorme força em palco. O grande momento desta jornada
pessoal de 10 horas non-stop acabaria por surgir já no cair do pano,
com o etíope Hailu Mergia a celebrar o jazz de raiz etíope com a
apresentação de “Lala Belu”, o seu mais recente trabalho. Mas
sobre isto falarei igualmente em detalhe noutro espaço do “Erros
meus…”.
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