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domingo, 3 de junho de 2018

EXPOSIÇÃO DE PINTURA: Homenagem a António Joaquim



EXPOSIÇÃO DE PINTURA: Homenagem a António Joaquim
Biblioteca Municipal de Gaia
01 Jun > 01 Jul 2018


Entra-se na Sala de Exposições da Biblioteca Municipal de Gaia e é-se como que invadido por um deslumbramento, tão viva a forma como as obras se abrem ao olhar do espectador, tanta a sua beleza e justeza no traço, tão intensa a sua força e dinamismo, tamanha a formidável luz que delas emana. Em ano de interregno da Bienal de Gaia, a Cooperativa Cultural Artistas de Gaia não perdeu tempo e, no esforço de contribuir para a afirmação do Município de Gaia como a “Cidade das Artes”, levou por diante, entre outros, este projecto de homenagem a António Joaquim, uma exposição de pintura cuja inauguração teve lugar na tarde do passado dia 01 de Junho, na Biblioteca Municipal de Gaia, precisamente no dia em que se assinalou a passagem do 93º aniversário do nascimento do pintor.

Embora o conjunto de trabalhos agora expostos constitua uma pequena parcela do acervo do artista, nele se percebe o essencial da vida e obra de António Joaquim. São, ao todo, quase três dezenas de trabalhos que percorrem várias fases da sua carreira artística, entre os quais se destacam oito obras em acrílico que integraram a exposição “25 vezes o Porto”, levada a cabo pela Fundação Engenheiro António de Almeida por altura do 85º aniversário do artista e que datam de 2009 e 2010. A Ponte D. Luis, a Avenida dos Aliados, o Casario do Porto, a Calçada da Corticeira ou a Vista da Muralha Fernandina, são exemplos duma fase já tardia da obra do pintor, onde é patente um relativo distanciamento da sua faceta realista ligada ao paisagismo e uma incursão despojada, quase coloquial, no abstraccionismo, a espontaneidade do gesto a invadir territórios formais.


Da mostra fazem igualmente parte treze aguarelas executadas já depois dos 90 anos de idade e nas quais se condensa a maturidade, a beleza e a lucidez de toda uma obra de busca incessante pela essência da vida, de formas e de cores feita. Dos Caminhos de S. Bento da Porta Aberta ao Largo do Terreiro, da Igreja do Carmo ao Castelo da Feira, há todo um pulsar de vida, um fulgor e uma felicidade, reveladores da obstinação e determinação do pintor em prosseguir com o desígnio absoluto de criar. Finalmente, é possível ver ainda um exemplar da série “Portas” e alguns retratos notáveis, pertencentes a colecções particulares e ao acervo do Museu Convento dos Lóios, detentor das obras que o pintor doou ao Município de Santa Maria da Feira, de onde é natural.


Mas este foi também o momento de apresentação do livro “António Joaquim, Uma Vida, Uma Obra”, da autoria do Professor Doutor António Quadros Ferreira, filho do pintor, e editado pela Afrontamento. Não se tratando duma obra exaustiva do ponto de vista antológico, o livro compila, numa perspectiva bastante completa, o percurso artístico do pintor. No voltar das suas páginas percebe-se que a pictorialidade, em António Joaquim, foi um processo em constante evolução e que não se esgotou, antes se renovou, com a aprendizagem adquirida, sempre em ambiente do mais puro autodidactismo. Pelo singular exemplo de vida e pela magnífica obra que continuamente nos vai legando, resta agradecer ao pintor e deixar um apelo a que se visite esta exposição. Mas que se faça rapidamente, já que ela estará patente apenas até ao próximo dia 01 de Julho.

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