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terça-feira, 5 de junho de 2018

CONCERTO: "Horns Ahead"



CONCERTO: “Horns Ahead”
Orquestra de Jazz da Escola Profissional de Música de Espinho
Fundação de Serralves
02 Jun 2018 | sab | 11:30


Para além de serem estrelas maiores no firmamento do Jazz, Kenny Doorham, Art Farmer, Chet Baker, Roy Eldridge, Dizzy Gillespie, Miles Davis ou Louis Armstrong têm em comum o facto de serem todos trompetistas de excepção. E foi precisamente em torno do trompete e da sua importância no desenvolvimento da linguagem jazzística, que a Escola de Jazz da Escola Profissional de Música de Espinho se apresentou na edição deste ano do Serralves em Festa para uma hora de grande música. Trouxe com ela, como solista, um virtuoso do trompete, João Moreira, actualmente Professor na Escola Superior de Música de Lisboa, um homem que conta com uma experiência de largos anos, tendo actuado com alguns dos mais relevantes músicos portugueses e estrangeiros e tocando actualmente com o cantor António Zambujo, para quem fez o arranjo orquestral do conhecidíssimo tema “Pica do 7”.

Seguindo um alinhamento muito próximo daquele que preencheu a noite do passado dia 21 de Abril, no Auditório de Espinho e, no dia seguinte, na Casa das Artes de Famalicão, a Orquestra de Jazz de Espinho “arrancou” com “Tiptoe”, de Thad Jones e prosseguiu com “Pipiwipi”, de Carlos Azevedo. Seguiu-se “I Remember Clifford”, de Benny Golson, com arranjos de Sammy Nestico, uma daquelas baladas únicas e intemporais, absolutamente marcantes na história do jazz e que constitui, ao mesmo tempo, uma bela e sentida homenagem a um dos maiores trompetistas de sempre, Clifford Brown, falecido num acidente de viação, aos 25 anos de idade. “Suite for Three”, de Bob Brookmeyer e “Extra Credit”, de Jim McNeely, foram igualmente momentos de grande música, tendo o concerto encerrado com Jovino Santos Neto e “The Fremont Seven”, um tema que integrará o programa do próximo desafio da Orquestra de Jazz de Espinho quando, ao final da tarde do dia 15 de Julho, se apresentar em palco ao lado do grande improvisador Hermeto Pascoal, multi-instrumentista brasileiro que Miles Davis classificou como “o músico mais impressionante do mundo”.

Tempo ainda para falar da Orquestra de Jazz de Espinho e dos seus dois mentores, Paulo Perfeito e Daniel Dias. Trata-se dum projecto extraordinariamente jovem e dinâmico, que teve a sua apresentação pública em 2009 e que encetou, desde então, um percurso artístico consistente no contexto da sua génese e especificidade ligada a uma escola Profissional de Música. Impulsionada e dirigida artisticamente na sua fase inicial por Paulo Perfeito, a Orquestra evoluiu para um modelo de Direcção Musical partilhada entre Paulo Perfeito e Daniel Dias, ambos maestros, pedagogos e trombonistas com carreira e não menos paixão no mundo do Jazz, responsáveis pela extraordinária evolução que a Orquestra entretanto conheceu ao longo dos últimos anos. Cerca de uma década após as primeiras notas, a Orquestra abalança-se agora a um patamar mais arrojado, assumindo um compromisso artístico mais abrangente, sem perder de vista, contudo, a sua identidade formativa e impulsionadora da interpretação da música para esta formação. Uma formação repetente no Serralves em Festa e que voltou a mostrar-se ao mais alto nível. A justificar um acompanhamento de muito perto, com o interesse que merece e o deleite que suscita.

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