CONCERTO: “Horns Ahead”
Orquestra
de Jazz da Escola Profissional de Música de EspinhoFundação de Serralves
02 Jun 2018 | sab | 11:30
Para além de serem estrelas maiores no
firmamento do Jazz, Kenny Doorham, Art Farmer, Chet Baker, Roy
Eldridge, Dizzy Gillespie, Miles Davis ou Louis Armstrong têm em
comum o facto de serem todos trompetistas de excepção. E foi
precisamente em torno do trompete e da sua importância no
desenvolvimento da linguagem jazzística, que a Escola de Jazz da
Escola Profissional de Música de Espinho se apresentou na edição
deste ano do Serralves em Festa para uma hora de grande música.
Trouxe com ela, como solista, um virtuoso do trompete, João Moreira,
actualmente Professor na Escola Superior de Música de Lisboa, um
homem que conta com uma experiência de largos anos, tendo actuado
com alguns dos mais relevantes músicos portugueses e estrangeiros e
tocando actualmente com o cantor António Zambujo, para quem fez o
arranjo orquestral do conhecidíssimo tema “Pica do 7”.
Seguindo um alinhamento muito próximo
daquele que preencheu a noite do passado dia 21 de Abril, no
Auditório de Espinho e, no dia seguinte, na Casa das Artes de
Famalicão, a Orquestra de Jazz de Espinho “arrancou” com
“Tiptoe”, de Thad Jones e prosseguiu com “Pipiwipi”, de
Carlos Azevedo. Seguiu-se “I Remember Clifford”, de Benny Golson,
com arranjos de Sammy Nestico, uma daquelas baladas únicas e
intemporais, absolutamente marcantes na história do jazz e que
constitui, ao mesmo tempo, uma bela e sentida homenagem a um dos
maiores trompetistas de sempre, Clifford Brown, falecido num acidente
de viação, aos 25 anos de idade. “Suite for Three”, de Bob
Brookmeyer e “Extra Credit”, de Jim McNeely, foram igualmente
momentos de grande música, tendo o concerto encerrado com Jovino
Santos Neto e “The Fremont Seven”, um tema que integrará o
programa do próximo desafio da Orquestra de Jazz de Espinho quando,
ao final da tarde do dia 15 de Julho, se apresentar em palco ao lado
do grande improvisador Hermeto Pascoal, multi-instrumentista
brasileiro que Miles Davis classificou como “o músico mais
impressionante do mundo”.
Tempo ainda para falar da Orquestra de Jazz de Espinho e dos seus dois mentores, Paulo Perfeito e Daniel Dias.
Trata-se dum projecto extraordinariamente jovem e dinâmico, que teve
a sua apresentação pública em 2009 e que encetou, desde então, um
percurso artístico consistente no contexto da sua génese e
especificidade ligada a uma escola Profissional de Música.
Impulsionada e dirigida artisticamente na sua fase inicial por Paulo
Perfeito, a Orquestra evoluiu para um modelo de Direcção Musical
partilhada entre Paulo Perfeito e Daniel Dias, ambos maestros,
pedagogos e trombonistas com carreira e não menos paixão no mundo
do Jazz, responsáveis pela extraordinária evolução que a
Orquestra entretanto conheceu ao longo dos últimos anos. Cerca de uma década após as primeiras notas, a Orquestra abalança-se agora a um
patamar mais arrojado, assumindo um compromisso artístico mais
abrangente, sem perder de vista, contudo, a sua identidade formativa
e impulsionadora da interpretação da música para esta formação.
Uma formação repetente no Serralves em Festa e que voltou a mostrar-se ao mais alto nível. A justificar um acompanhamento de muito perto, com o interesse que merece e o
deleite que suscita.
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