CONCERTO: Orquestra Jazz do Porto
convida Vitorino Salomé
Casa da Música
06 Abr 2018 | sex | 23:00
A Sala 2 da Casa da Música, no Porto,
recebeu, na noite de ontem, um evento memorável. Em palco, a
Orquestra Jazz do Porto e um ilustre convidado, Vitorino Salomé, um
dos maiores cantautores portugueses, um nome que marca de forma
indelével a nossa música das últimas quatro décadas e que nos vem
legando verdadeiros “hinos nacionais” como “Tragédia da Rua
Das Gáveas”, “Poema”, “Ana II” ou “Menina Estás à
Janela”.
Privilegiando, no alinhamento,
precisamente as suas “mais bonitas”, Vitorino visitou
praticamente toda a sua discografia, investindo n' “A canção do
bandido” com um memorável “Tocador Da Concertina”, deixando-se
ir por “Flor de la mar” com “Queda do Império”, dando um
pulo a “La Habana 99” com um bem ritmado “Capullito de Alelí”,
arrastando a asa a “Alentejanas e Amorosas” em “Bárbara
Rosinha” ou mergulhando na “Utopia” com “Senhor Arcanjo”,
homenageando assim o maior de todos, Zeca Afonso. Tempo ainda para uma
incursão no universo romântico de Winkler, Rauch e Sigman, com esse
tremendo sucesso “Answer Me, My Love”, imortalizado na voz de Nat
King Cole, e para duas estreias mundiais (“ou universais, ou o que
quiserem...”), a “Marcha do 31 de Janeiro”, que abriu e fechou o
concerto e ainda “Sãozinha”, um “fado brejeiro à moda do Porto”, com letra
de Manel Cruz.
Para o tremendo sucesso deste concerto
muito contribuiu, para além da voz, da música e das palavras de
Vitorino Salomé e de outros poetas como José Forte ou António Lobo
Antunes, a novíssima formação da Orquestra Jazz
do Porto, com direcção do maestro Gileno Santana. Notáveis os
arranjos assinados por muitos dos elementos que constituem a
orquestra, permitindo-me realçar “Senhor Arcanjo” e “Menina
Estás À Janela”, com roupagens que puseram em evidência o potencial rítmico
das respectivas músicas e deram nota dum casamento perfeito entre o
“clássico” e o Jazz. Estes exemplos estendem-se igualmente ao restante programa, deixando o público presente na sala
completamente embrenhado nesta cumplicidade fortíssima. Os corpos
agitaram-se nas cadeiras, bateram-se palmas, dançou-se... e
aplaudiu-se. Muito. Porque valeu realmente a pena!
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