EXPOSIÇÃO DE ARQUITECTURA:
“Poder Arquitectura”
Casa da Arquitectura, Matosinhos
17 Nov 2017 > 18 Mar 2018
Pela primeira vez aqui no Blogue
falamos especificamente de Arquitectura. Isto a propósito duma magnífica exposição
que inaugurou a Casa da Arquitectura, em Matosinhos, e que esteve
patente ao público até ao passado domingo. Com curadoria de Jorge
Carvalho, Pedro Bandeira e Ricardo Carvalho, “Poder Arquitectura”
pretendeu evidenciar de que forma o poder da sociedade é, em si
mesmo, um desafio ao arquitecto, em que medida condiciona o seu
trabalho e, por outro lado, quais as soluções encontradas para
ultrapassar os obstáculos. Interrogando de forma sistemática o
visitante, levando-o o reflectir sobre o óbvio e o menos óbvio,
esta exposição relevou o papel determinante da arquitectura e a sua importância na construção das
cidades, dos territórios e das sociedades actuais.
Outrora armazém da Real Companhia
Vinícola, a imensa galeria com cerca de 800 metros quadrados foi
transformada num extraordinário espaço expositivo, reunindo
dezenas de projectos e traçando um mapa da arquitectura mundial de
finais dos anos 90 do século passado até aos nossos dias. Imagens,
maquetes, desenhos, textos e objectos conviveram num espaço delimitado
por uma rede metálica, formando três camadas de informação: uma
mais “superficial”, mais vizinha do público, maioritariamente
constituída por imagens; uma camada intermédia onde se acrescentou informação e se relacionaram diferentes abordagens; finalmente uma
camada mais “profunda”, onde o visitante mais interessado pode
beber a informação completa sobre cada projecto, relacionando-o com
um particular tipo de poder.
Colectivo, regulador, tecnológico,
económico, doméstico, cultural, mediático, ritual – são estes
os oito poderes seleccionados pelos curadores e respigados um pouco
por todo o mundo: da Holanda ao Bangladesh, do Sri Lanka ao Brasil,
dos Estados Unidos à Bélgica… sem esquecer Portugal, representado
em oito obras dentro de fronteiras e três de arquitectos portugueses
na Europa. Da sua análise, com base nos exemplos apresentados, se
percebe que a Arquitectura não é apenas a expressão
de um único poder, havendo uma enorme articulação entre eles:
“Um poder não é em si negativo ou positivo. Por vezes os poderes
anulam-se, por vezes criam sinergias, por vezes dão origens a
contrapoderes”, lê-se no texto de apresentação do catálogo da
exposição. Extraordinariamente bem arquitectada, esta exposição
exerce uma natural atracção no visitante, desafiando-o a
compreender a importância e o impacto da Arquitectura nos dias de hoje e a perceber melhor este fascinante mundo. Sem dúvida, uma das
grandes exposições que foi possível apreciar nos últimos tempos.
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