CERTAME: “Eixos – Ciclo de
Marionetas de Portugal e da Galiza”
Cineteatro António Lamoso, Santa
Maria da Feira
14 Mar > 18 Mar 2018
Cruzar a tradição da marioneta em
Portugal e na Galiza foi o objectivo que presidiu à primeira edição
do “Eixos - Ciclo de Marionetas de Portugal e Galiza”, certame
que, de 14 a 18 de Março, atraiu miúdos e graúdos ao Cineteatro
António Lamoso, em Santa Maria da Feira. Ao longo de cinco intensos
e divertidos dias, foi dada oportunidade ao público de assistir a
espectáculos de marionetas, visitar uma exposição e participar num
workshop de construção de marionetas. Espaço ainda para uma
tertúlia entre bonecreiros tradicionais de Portugal e da Galiza e
que trouxe à tona o folclore destas paragens, reforçado pela
rodagem do documentário acerca do Teatro Dom Roberto.
Inserida nesse evento maior que é
Santa Maria da Feira - Capital da Cultura do Eixo Atlântico 2018, a
iniciativa, a cargo das Marionetas da Feira, permitiu evidenciar a
ligação existente entre a raiz popular das marionetas portuguesas e
a origem tradicional das galegas, umas e outras evoluindo a partir do
Teatro Dom Roberto, surgido em terras lusas no século XVII, em plena
época pombalina. Construídas em madeira, as cabeças muito rosadas,
o sorriso rasgado e o olhar penetrante das marionetas portuguesas não
difere muito daquelas que se encontram na Galiza. Também o Dom
Roberto português e o Barriga Verde galego andam de mãos dadas
nestas histórias com final feliz mas que, pelo meio, não dispensam
uma boa dose de paulada, a arrancar sonoras gargalhadas na assistência. Será, porventura, ao nível do conto - “O
Castelo”, “O Barbeiro” ou “A Tourada” são clássicos da
marioneta em Portugal – que as diferenças se fazem sentir de forma
mais nítida, com os bonecreiros galegos a condensarem, numa só,
estas e outras histórias, depois de as terem bebido da nossa tradição.
A encerrar o certame, a Companhia
Títeres Cachirulo, de Santiago de Compostela, trouxe-nos um conto
clássico - “Branca de neve e os Sete...” -, no qual um
marionetista apenas em palco tirou partido dum vasto leque de opções
estéticas e cénicas, tendo em coloridos e expressivos bonecos
articulados de madeira o seu suporte. Se a história, sobejamente
conhecida, é sempre um vector aglutinador de interesses de novos e
menos novos, a linguagem corporal e a proximidade dos idiomas
permitiram perceber o quão próximos estamos uns dos outros. Com a
segunda edição já garantida para 2019, espera-se que este “Eixos”
possa continuar a crescer e a dar a ver a riqueza das nossas
culturas, ao mesmo tempo sensibilizando para uma vertente teatral que
merece, seguramente, toda a atenção.
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