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sexta-feira, 16 de março de 2018

EXPOSIÇÃO: "Del. Sculp, Et Imp. - A Gravura de Abel Salazar"



EXPOSIÇÃO: “Del. Sculp, Et Imp. - A Gravura de Abel Salazar”
Museu Júlio Dinis – Uma Casa Ovarense
24 Fev > 21 Abr 2018


Abel Salazar (1889 – 1946) nasceu em Guimarães mas viveu a maior parte da sua vida na cidade do Porto, onde terminou o liceu e se formou em medicina pela Faculdade de Medicina do Porto. Num país envolto no mais profundo obscurantismo cultural, notabilizou-se pelo seu espírito resiliente, tornando-se um ícone histórico de resistência ao regime autoritário do Estado Novo. Investigador, professor universitário, cronista, artista plástico, a sua personalidade polivalente é um dos alicerces mais fortes na construção que hoje se faz da sua figura atípica.

A par de um importante trabalho na área científica – que lhe valeu reconhecimento internacional – e da docência na Faculdade de Medicina do Porto, Abel Salazar desenvolveu uma profusa obra artística, produzindo centenas de pinturas, desenhos, esculturas e obra gráfica. Se por um lado foi incapaz de compreender o modernismo, por outro recusou a adesão às correntes tradicionalistas e a um academismo de virtuosismo estéril. O seu percurso, alheio a circunscrições históricas rígidas, focou-se em preocupações pessoais – em ambos os aspectos: formal e temático -, embora as suas referências se encontrem sobretudo no século anterior ao seu.

Abel Salazar começa a produzir gravura em 1925, num período de difícil acesso aos materiais e informação específica. Foi com grande investimento pessoal – mesmo financeiramente – que se dedicou à gravura, partindo sobretudo de um conhecimento de base livresca. Mais interessado nas características plásticas e visuais do meio, Abel Salazar utilizou esta técnica sobretudo para criar imagens únicas, equiparando-a ao seu trabalho de pintura. Livre dos constrangimentos de uma escola ou de uma abordagem meramente oficinal, a sua gravura emancipa-se da ideia redutora de mero meio de reprodutibilidade, sendo encarada como meio de produção artística, com características gráficas e formais particulares. Visando aprofundar o conhecimento histórico e técnico deste artista, uma parte representativa desse espólio chega agora ao Museu Júlio Dinis, numa exposição coordenada por Luisa Garcia Fernandes e André Azevedo e com curadoria de João Sousa Pinto. Para ver até ao próximo dia 21 de Abril!

[Texto baseado no catálogo da exposição, da autoria de João Sousa Pinto]

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