EXPOSIÇÃO: “Del. Sculp, Et Imp.
- A Gravura de Abel Salazar”
Museu Júlio Dinis – Uma Casa
Ovarense
24 Fev > 21 Abr 2018
Abel Salazar (1889 – 1946) nasceu em
Guimarães mas viveu a maior parte da sua vida na cidade do Porto,
onde terminou o liceu e se formou em medicina pela Faculdade de
Medicina do Porto. Num país envolto no mais profundo obscurantismo
cultural, notabilizou-se pelo seu espírito resiliente,
tornando-se um ícone histórico de resistência ao regime
autoritário do Estado Novo. Investigador, professor universitário,
cronista, artista plástico, a sua personalidade polivalente é um
dos alicerces mais fortes na construção que hoje se faz da sua
figura atípica.
A par de um importante trabalho na área
científica – que lhe valeu reconhecimento internacional – e da
docência na Faculdade de Medicina do Porto, Abel Salazar desenvolveu uma profusa
obra artística, produzindo centenas de pinturas, desenhos,
esculturas e obra gráfica. Se por um lado foi incapaz de compreender
o modernismo, por outro recusou a adesão às correntes
tradicionalistas e a um academismo de virtuosismo estéril. O seu
percurso, alheio a circunscrições históricas rígidas, focou-se em
preocupações pessoais – em ambos os aspectos: formal e temático
-, embora as suas referências se encontrem sobretudo no século
anterior ao seu.
Abel Salazar começa a produzir gravura
em 1925, num período de difícil acesso aos materiais e informação
específica. Foi com grande investimento pessoal – mesmo
financeiramente – que se dedicou à gravura, partindo sobretudo de
um conhecimento de base livresca. Mais interessado nas
características plásticas e visuais do meio, Abel Salazar utilizou
esta técnica sobretudo para criar imagens únicas, equiparando-a ao
seu trabalho de pintura. Livre dos constrangimentos de uma escola ou
de uma abordagem meramente oficinal, a sua gravura emancipa-se da
ideia redutora de mero meio de reprodutibilidade, sendo encarada como
meio de produção artística, com características gráficas e
formais particulares. Visando aprofundar o conhecimento histórico e
técnico deste artista, uma parte representativa desse espólio chega
agora ao Museu Júlio Dinis, numa exposição coordenada por Luisa
Garcia Fernandes e André Azevedo e com curadoria de João Sousa
Pinto. Para ver até ao próximo dia 21 de Abril!
[Texto baseado no catálogo da exposição, da autoria de João Sousa Pinto]
[Texto baseado no catálogo da exposição, da autoria de João Sousa Pinto]
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