Georges Dussaud está de regresso ao Centro Português de Fotografia. Apaixonado por Portugal, vem desenvolvendo, desde o início da década de 1980, um conjunto de trabalhos marcados pela fotografia humanista, através dos quais se manifesta o olhar de um viajante atento às peculiaridades dos lugares e das gentes, da nossa cultura e tradições. A exposição que podemos agora apreciar traz-nos um conjunto de quinze “retratos com nome próprio”, resultantes de um trabalho que teve o seu início em Novembro de 2007 e que foi desenvolvido em paralelo com uma vasta reportagem sobre a cidade do Porto, a convite do Município e do departamento cultural do consulado da França. Sérgio C. Andrade, jornalista, acompanhou então o fotógrafo, servindo-lhe de cicerone numa cidade que conhece bem. São dele as palavras que podemos ler na Folha de Sala da exposição e que recordam esses momentos.
São palavras de Sérgio C. Andrade: “Em Novembro desse ano [2007], desafiado a fotografar o Porto, Georges Dussaud pediu-me que lhes servisse de guia [a Georges e à sua “inseparável e amável companheira, Christine”]. Interessava-lhe a cidade, mas principalmente as pessoas - a gente na rua, nos jardins, nos mercados, nas lojas, nas janelas e nas casas; mas também algumas das personalidades das artes e da cultura. As primeiras foram reveladas na exposição exibida na Primavera / Verão de 2009, no mesmo Centro Português de Fotografia [no âmbito do ciclo “Invisões – Portugal visto pelos fotógrafos franceses”], e fizeram a partir daí um longo caminho que só veio confirmar - se isso fosse necessário - o olhar único de Dussaud, o modo como capta a humanidade de uma cidade inteira, uma cidade de luz e sombra espelhadas no granito entre o Douro e o mar. Os retratos são agora objecto desta exposição mais íntima (…).”
Agustina Bessa-Luís, Álvaro Siza, João Fernandes, José Rodrigues, Júlio Resende, Manoel de Oliveira, Manuel António Pina, Mário Cláudio, Miguel Veiga, Pedro Abrunhosa, Pedro Burmester, Rui Moreira, Rui Reininho, Sérgio C. Andrade, Teresa Siza. Podiam ser outras tantas figuras, e outras ainda. As circunstâncias e algum acaso fizeram com que fossem estas as figuras que Georges Dussaud pôde (e quis) fotografar então com a sua Leica afectiva. O resultado é magnífico, de cada uma das imagens transparecendo a forte relação de cumplicidade e confiança gerada entre o fotógrafo e os sujeitos fotografados. Como parte fundamental das imagens, os ambientes queridos a cada um dos retratados conferem ao todo um forte pendor intimista, permitindo-nos apreciar figuras tão nossas (algumas delas já desaparecidas) como nunca as tínhamos visto. De entrada livre, a exposição pode ser vista até 26 de Outubro.
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