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quarta-feira, 20 de agosto de 2025

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Lisboa Düsseldorf Faces” | Ralf Schilberg, Rui Soares Esteves



EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Lisboa Düsseldorf Faces”,
de Ralf Schilberg e Rui Soares Esteves
Curadoria | Lúcia Saldanha
Museu Nacional de Arte Contemporânea
12 Jul > 05 Out 2025


Pode o contacto diário com a diversidade cultural ou a arquitetura moderna fazer com que as pessoas estejam mais expostas a tendências? Hábitos e gostos ligados à funcionalidade, à natureza ou à tradição podem ter expressão na forma como as pessoas se apresentam? As grandes cidades tendem a impor um ritmo de vida mais acelerado, o que pode contribuir para uma maior ansiedade e impaciência, mas também para o desenvolvimento de resiliência e eficácia nos seus habitantes. Aquelas com bons transportes públicos ou ciclovias são um incentivo a um estilo de vida mais saudável, ao passo que cidades cosmopolitas tendem a fomentar a tolerância, a diversidade e um pensamento mais aberto. Cidades pequenas ou mais isoladas incentivam laços comunitários mais fortes, mas também um pensamento mais conservador ou tradicional. É com base nalgumas destas premissas, mas também na ideia de que a essência da vida não está no indivíduo per se, antes no indivíduo como um “lugar dos outros”, que “Lisboa Düsseldorf Faces” se posiciona, propondo ao visitante o desafio de encontrar a cidade por detrás da pessoa retratada.

Entre 12 de Julho e 05 de Outubro de 2025, a Iniciativa Lisboa Düsseldorf, centrada na cultura e na relação entre duas cidades – através do conhecimento, do trabalho entre cidadãos, empresas e instituições –, apresenta-se na Galeria do Museu Nacional de Arte Contemporânea e, posteriormente, no Stadtmuseum de Düsseldorf, “Lisboa Düsseldorf Faces”. Exposição de fotografia a preto e branco, nela dois fotógrafos de diferentes percursos, Ralf Schilberg, retratista alemão, e Rui Soares Esteves, fotógrafo de moda português, captam, estética e livremente, a substância das suas próprias cidades, respetivamente, Düsseldorf e Lisboa. Entre rostos e ruas, propõem uma leitura visual das duas cidades. No papel de observadores que produzem imagens, fazem, separadamente, uma abordagem e um reconhecimento dos territórios, suscitando a curiosidade, as interrogações e o pensamento sobre pessoas e lugares. Lugares que, citando Cláudio Magris, “significam sobretudo pessoas, mais ou menos familiares ou quase desconhecidas, mas ainda assim testemunhas, embora parciais, da nossa existência”.

Num diálogo de natureza plural, Ralf Schilberg e Rui Soares Esteves criam duas manchas expositivas complementares – “Lisboa Faces” e “Düsseldorf Faces”, baseando-as em identidades e alteridades, profissões e comunidades. O exercício de contrastar duas realidades específicas permite perceber que a cidade não determina, mas influencia fortemente quem somos e como nos apresentamos. Ela molda-nos subtilmente nos hábitos, gostos, valores e até na estética. Embora generalizações possam simplificar realidades complexas, é possível observar tendências distintas: Um lisboeta pode vestir calças de linho, camisa solta, óculos de sol e sandálias, num visual confortável e de inspiração mediterrânica. Já um habitante de Düsseldorf pode preferir jeans escuros, blazer e ténis de marca, sem exageros, mas com atenção aos detalhes. Lisboa parece moldar pessoas mais descontraídas, com uma estética que mistura tradição, sol e improviso criativo. Düsseldorf molda cidadãos mais orientados para a eficiência, com uma aparência cuidada, mas sóbria. Ambas são cidades vibrantes, mas criam culturas urbanas e visuais distintas, e isso influenciará directamente o modo de vestir, de se comportar e até de pensar.

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