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quinta-feira, 5 de junho de 2025

LUGARES: Museo Etnográfico Extremeño González Santana



LUGARES: Museo Etnográfico Extremeño González Santana
Plaza de Santa María, Olivença
Horário | De terça a sábado, das 10h30 às 14h00 e das 17h00 às 20h00. Domingos, das 10h00 às 14h15. Encerra à segunda-feira.
Ingressos | € 2,50, bilhete normal


“ (...) Se és meu amigo - Deus te guie!
Se és português - Deus te guarde!
Se és alentejano - Deus te salve!
Mas se és de Olivença!
Entra, meu irmão - Esta casa é sempre tua!

Nascido da sensibilidade e do querer de Francisco González Santana, o Museo Etnográfico Extremeño, que leva o nome do seu fundador, constitui uma notável excepção no panorama dos museus que celebram o legado dos costumes e tradições. Ainda sem a ambição de vir a tornar-se um museu etnográfico de referência na Península Ibérica, teve um primeiro “ensaio” em 1980, com a montagem de uma pequena exposição etnográfica a propósito da IV Semana da Extremadura na Escola. O sucesso alcançado fez-se sentir junto do poder autárquico e regional, mas sobretudo no público oliventino, de tal forma que a criação de um museu permanente passou a estar nos horizontes de todos. Em 1982, Olivença recebeu as Jornadas Internacionais de Estudo de Cidades Históricas, servindo o acontecimento de pretexto para a abertura ao público do Museu Etnográfico, reabilitando parcialmente as dependências da antiga prisão, situadas no recinto amuralhado do Castelo de Olivença. Desde então, muitas foram as obras de ampliação e remodelação das instalações, permitindo ao visitante, nos dias de hoje, usufruir das condições ideais para apreciar o rico e variado espólio repartido por um conjunto de salas nas quais a Etnografia ocupa um lugar destacado, mas também a Arqueologia, a Arte Sacra e um curioso Centro de Interpretação de Grafitos Medievais.

Comecemos por subir à Torre de Menagem, mas não sem antes referir que o conjunto amuralhado teve origem numa primitiva fortaleza templária do século XIII, sendo mais tarde melhorada por D. Dinis e alcançado a forma definitiva por iniciativa de D. João II, em 1488. A Torre, com os seus 40 metros de altura (à data da construção era a mais alta do Reino), tem nas suas dezassete rampas de acesso uma das mais interessantes particularidades, já que no seu interior podiam circular peças de artilharia e soldados a cavalo. Mas é nas seteiras que se encontram os grafitos medievais. Símbolos religiosos, tabuleiros de jogo, inscrições várias, imagens de aves ou de animais e uma muito curiosa barca são apenas alguns dos vários elementos grafitados por mãos portuguesas ao longo dos tempos. Em cada “núcleo” é possível recolher informação detalhada, activando-a através de um QR Code. A Sala de Arqueologia propõe um trajecto pelos diferentes assentamentos e culturas que se sucederam no território oliventino, do neolítico à Idade Média, com destaque para os períodos romano, visigótico e árabe. Nesta sala podemos encontrar a pedra de armas do Castelo, talhada em mármore e com uma inscrição que alude à data da sua colocação, no dia de São Miguel, em 1306, no reinado de D. Dinis.

Distribuída por dois pisos, a secção de etnografia começa com a exposição de um conjunto de peças utilitárias, homenageando o trabalho anónimo de muitos homens e mulheres que sustentaram as bases tradicionais da economia oliventina, ligada sobretudo à agricultura e à pecuária. No centro da sala, um barco do Guadiana, com as suas artes de pesca, impõe-se ao arado ou às cangas, às foices e gadanhas ou aos pesos e medidas. As salas seguintes abrem-se de surpresa em surpresa, de tal forma se revelam representativas das várias artes e ofícios em tempos que já lá vão. Verdadeiros quadros de época, a mercearia ou a barbearia, a oficina do ferreiro, do sapateiro ou do carpinteiro, o consultório médico, a alfaiataria ou a tipografia, o atelier da modista ou a sala da aulas, são mananciais de curiosidades, de tal forma nos revelam uma profusão de elementos significativos de cada uma das artes e ofícios. Muito curiosa é, também, a representação de uma casa “labrega” e de uma casa burguesa, dando a ver, de forma evidente, o muito que separava ricos e pobres. Vale a pena apreciar a loiça decorativa, onde são evidentes as influências das escolas das Caldas da Rainha, nomeadamente de Rafael Bordallo Pinheiro. Como vale a pena atentar num moinho de azeite, nas bonecas de loiça, nos ferros de engomar a carvão, num aparelho de Raio X, em várias máquina de costura Singer e em muito, muito mais.

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